Perante o Teu Rosto

Dos dois filmes do sul-coreano Hong Sang-soo que se estreiam esta semana, este é o que vale a pena ver (esqueçam o opaco, confuso e insuportavelmente “autorista” “A Apresentação”). Sangok (Lee Hyeyoung), uma atriz que foi viver nos EUA e se afastou da atividade, volta a Seul, reencontra a irmã e é contactada por um realizador célebre e mais novo do que ela, que lhe propõe entrar num filme seu. Mas o regresso de Sangok à sua pátria esconde um motivo doloroso. Passado ao longo de um só dia, “Perante o Teu Rosto” é um filme raramente direto e claro, dos pontos de vista narrativo e dramático — e filmado a cores garridas –, para um realizador habitualmente oblíquo, esquivo, por vezes mesmo a roçar o ínvio como San-soo, onde o que é dito pelas personagens nos monólogos interiores e nas suas conversas, de circunstância ou mais profundas, é tão importante como o que fica por dizer ou apenas insinuado.

A Ilha dos Amores/A Ilha de Moraes

Um duplo regresso de Paulo Rocha aos cinemas portugueses, com a reposição em cópias digitais restauradas, de “A Ilha dos Amores” (1982), inspirado na vida de Wenceslau de Moraes (interpretado por Luís Miguel Cintra, e com o próprio realizador a personificar Camilo Pessanha), o oficial da Marinha e escritor português que se apaixonou pelo mundo asiático, e muito em especial pelo Japão, onde foi cônsul, viveu mais de 30 anos e morreu em 1929, assinando, entre outras, obras tão importantes como “Dai-Nippon” ou “Relance da Alma Japonesa”; e de “A Ilha de Moraes”; e de “A Ilha de Moraes”, o documentário que Paulo Rocha fez dois anos depois, em 1984, no qual volta a visitar a vida e a obra do escritor, através de depoimentos, entrevistas e fotografias da época de Moraes, confrontados com os seus textos e com “A Ilha dos Amores”. Faz agora também 40 anos que “A Ilha dos Amores” foi estreado no Festival de Cannes.

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Top Gun: Maverick

Quase 40 anos depois do filme original de Tony Scott, “Top Gun: Ases Indomáveis” (1986), a continuação, “Top Gun: Maverick”, realizada por Joseph Kosinski, reencontra-nos com um Maverick (Tom Cruise) que sempre se recusou a mudar (e por isso nunca passou de capitão, enquanto que os seus camaradas progrediram nas carreiras e alguns até já são almirantes) para poder continuar a voar e não ficar confinado a uma secretária em terra, enquanto que tudo mudou em seu redor, em especial a tecnologia e a geopolítica. E a sua desobediência às ordens de um almirante leva-o a ter que ser professor de uma nova fornada de jovens e arrogantes pilotos da Top Gun e prepará-los para uma perigosíssima missão num “estado pária” com intenções de se transformar numa potência nuclear. “Top Gun: Maverick” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.