O que era, acabou por não ser. Depois de tudo o que aconteceu no Grande Prémio do Azerbaijão, com a Red Bull a aproveitar a passadeira estendida pela falta de fiabilidade da Ferrari e a Mercedes a dar mais um pequeno passo para se aproximar dos lugares cimeiros também a nível de tempos, as sessões de treinos livres e sobretudo a qualificação para o Grande Prémio do Canadá acabou por inverter os prognósticos que estavam traçados com apenas uma exceção: Max Verstappen mostrou que está de novo na frente.

“Problemas, motor”: as duas palavras que estenderam a passadeira a Verstappen (e deixaram Leclerc apeado no Azerbaijão)

Com uma volta canhão de 1.21,299, o neerlandês quebrou uma série de quatro pole positions consecutivas de Charles Leclerc naquela que foi apenas a segunda vitória na qualificação mas ao seu lado via Fernando Alonso, que colocou o seu Alpine a voar nos treinos livres e a ser apenas o outro carro a rodar no 1.21, com uma segunda posição que significou também a primeira vez na linha inicial 3.619 dias depois e o registo de piloto mais velho a sair da primeira linha desde Michael Schumacher em 2012. Carlos Sainz ainda deixou sinais de que poderia ficar com a pole mas não foi além da terceira posição na grelha.

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Mas as surpresas não ficaram por aqui: Lewis Hamilton conseguiu ser mais rápido do que George Russell, Kevin Magnussen igualou a melhor posição de sempre de um Haas na quinta posição, Mick Schumacher fez a melhor qualificação da carreira e Leclerc pela primeira vez fora da primeira linha em 2022, quebrando a série de oito qualificações na frente com um 19.º lugar motivado também pela penalização de dez posições devido à troca de mais peças na unidade motriz do seu Ferrari, tendo nos exemplos de Rubens Barrichello (2005) e de Alexander Wurz (2007) os únicos de pilotos a sair de trás que chegaram ainda ao pódio.

Por tudo isso, e numa altura em que a guerra em torno do porpoising está cada vez mais aberta com a Mercedes a utilizar o exemplo de Baku para dizer que pelo menos um piloto por equipa terminou com problemas físicos, o Grande Prémio do Canadá seria um desafio para confirmar aquilo que tinha saído da qualificação e acabou com vitória de Verstappen em Montreal, aumentando a vantagem no Mundial.

A saída de Max Verstappen deixou pouca margem para surpresas no arranque, com o Red Bull a disparar na frente enquanto Fernando Alonso defendia a segunda posição de Carlos Sainz e Lewis Hamilton tentava sem sucesso subir aos lugares de pódio. Assim, as únicas alterações foram mesmo as subidas de Ocon e George Russell, com Mick Schumacher a descer a sétimo e depois oitavo antes de estabilizar à frente de Daniel Ricciardo. Alonso não estava a rodar mal mas o neerlandês tinha disparado na frente e Carlos Sainz era o único a mostrar ritmo para se tentar aproximar, saltando para a segunda posição à terceira volta com o companheiro de equipa Charles Leclerc a subir ao 16.º posto agora atrás de Sebastian Vettel.

Os Mercedes voltavam a andar na frente, com George Russell a passar Ocon e Magnussen para chegar à quinta posição, mas o Haas do dinamarquês tinha a corrida em definitivo estragada com os problemas que foi registando depois de um toque ainda na primeira volta com Hamilton que danificou a asa dianteira e levou a uma paragem longa nas boxes. Depois, o carro de Sergio Pérez, que continuava fora dos top 10, teve problemas de transmissão e obrigou à desistência do mexicano, com entrada do safety car virtual e a passagem de Verstappen logo pelas boxes para trocar de pneus, entrando atrás de Carlos Sainz e Alonso.

Verstappen tinha passado Alonso e apertava Sainz quando as atenções se começaram a centrar na luta pelo décimo lugar entre Alexander Albon e Valtteri Bottas com Charles Leclerc à espreita para subir mais umas posições quando também Mick Schumacher teve problemas no seu Haas e foi obrigado a desistir, o que levou a nova entrada em cena do safety car virtual que levou a nova romaria às boxes com uma nova ordem na classificação que tinha o neerlandês na frente, Alonso em segundo, Sainz outra vez em terceiro à frente dos dois Mercedes e Leclerc em sétimo com Ocon pela frente numa boa recuperação em 22 voltas. 

Fernando Alonso não aguentou o ritmo nas voltas seguintes e, depois de ser ultrapassado por Carlos Sainz, não conseguiu também aguentar a pressão de Hamilton, que saltou para posição de pódio ainda antes do meio da prova. Só mesmo quando Leclerc passou pela primeira vez pelas boxes voltou a haver mexidas nos dois primeiros, com o monegasco a entrar em 12.º antes de um movimento que poderia mudar aquela que parecia ser a história escrita neste Grande Prémio: Max Verstappen teve a segunda paragem, saiu atrás de Hamilton com Sainz a poder beneficiar disso na frente, o neerlandês ficou irritado a perguntar à equipa o que se tinha passado tendo em conta que havia a garantia de que sairia sempre à frente do britânico mas o antigo campeão mundial a passar também pelas boxes depois para deixar a luta apenas a dois.

Carlos Sainz continuava a liderar e já inha até batido o recorde de voltas na frente num só Grande Prémio, aproveitando depois uma saída de Tsunoda na escapatória da curva 1 para passar pelas boxes perante a entrada do safety car em pista enquanto o carro do japonês era retirado. Até Leclerc, em sétimo, ganhava uma nova oportunidade de subir mais posições com tudo em aberto para as últimas 16 voltas, com Max Verstappen a preparar da melhor forma a saída para não dar hipóteses a Sainz de arriscar a ultrapassagem após o recomeço. O espanhol não conseguiu passar o neerlandês, que venceu pela primeira vez em Montreal, e o destaque no final ainda foi Leclerc, a superar Alonso e Ocon para acabar em quinto.

Com este triunfo, Max Verstappen leva já seis vitórias em nove corridas feitas em 2022, aumentando e muito a vantagem na liderança do Mundial até pela desistência de Sergio Pérez. O neerlandês passa a ter 175 pontos, mais 46 do que o mexicano que é companheiro de equipa e mais 51 do que Leclerc, que ainda assim conseguiu fazer dez pontos para reduzir a desvantagem. Carlos Sainz, quinto no Mundial, passou a somar 102 pontos, a nove de George Russell que fez o nono top 5 da temporada no Canadá.