A dona do Facebook e do Instagram, a Meta, estará a preparar-se para um resto de ano agitado. Pelo menos de acordo com a informação avançada pela agência Reuters, que cita as declarações de Mark Zuckerberg, CEO da companhia, na sessão semanal de perguntas e respostas com os trabalhadores.

A agência terá obtido o áudio da reunião, onde Mark Zuckerberg terá preparado os funcionários para a agitação que aí vem. “Estamos a viver tempos sérios e os ventos contrários são fortes”, alertou Zuckerberg. “Se tivesse de apostar, diria que esta poderá ser uma das piores quebras que já vimos na nossa história recente”, alertou o CEO da empresa.

O contexto económico atual, marcado pela inflação e pela subida de taxas de juro, está a pressionar várias empresas, nomeadamente no setor tecnológico. No caso da Meta, a desvalorização das ações da empresa ronda os 52% até este ponto do ano.

Estes “tempos sérios” deverão ter já reflexo nos planos de contratação. A Reuters avança que Zuckerberg terá dito aos funcionários que a empresa vai reduzir em pelo menos 30% os planos de contratações de engenheiros este ano. Se o plano para 2022 passava pela contratação de 10 mil engenheiros, Zuckerberg avançou que o objetivo passará agora por um número entre 6 mil e 7 mil engenheiros.

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A Meta já confirmou que tem vindo efetivamente a abrandar o número de contratações ao longo dos últimos meses. Mas Mark Zuckerberg terá ainda dito que haverá um excesso de pessoas na companhia. “Realisticamente, há provavelmente uma quantidade de pessoas na companhia que não devia estar aqui”, cita a Reuters.

“A minha esperança é que ao aumentar os objetivos — tornando-os mais agressivos — e ao aumentar a pressão [para os trabalhadores] alguns decidam que este lugar não é para vocês e, para mim, essa auto-seleção está ok”, terá dito Zuckerberg.

Estas informações vêm a público depois de serem conhecidas declarações de Chris Cox, num memorando interno da empresa, citado por meios como a Reuters e o The Verge. Nesse discurso, Chris Cox, que lidera a área de produto da Meta, dizia que a empresa “tem de operar de forma mais leve, dura e com melhores equipas de execução”. “Temos de executar de forma perfeita num ambiente de crescimento mais lento, onde as equipas não devem esperar fluxos intensos de novos engenheiros ou de orçamento.”

Os avisos dos nomes mais fortes da Meta surgem meses depois de a empresa revelar, em fevereiro, que no quarto trimestre de 2021 tinha perdido meio milhão de utilizadores ativos – a primeira perda de utilizadores nos 18 anos de história da companhia. No comentário que acompanhou estes resultados, Zuckerberg atribuiu responsabilidades à intensa concorrência de aplicações como o TikTok, mais apelativa para um público mais jovem.

Facebook perde utilizadores pela primeira vez. Ações da Meta caem mais de 20%