“Alcarràs”

Uma numerosa e trabalhadora família catalã, os Solé, que vive há quase um século numa quinta onde cultiva pêssegos, é posta de súbito perante uma situação de despejo. O contrato de residência e exploração feito com o dono da propriedade nos anos 30 do século passado, foi verbal e de cavalheiros, sem qualquer documento assinado, e o atual descendente daquele quer substituir a cada vez menos lucrativa cultura de frutos por painéis solares, que dão muito mais dinheiro e pouco trabalho. Carla Simón inclui elementos autobiográficos neste filme rodado quase sem atores profissionais e em que regista, num estilo semi-documental e buliçosamente impressionista, e através dos problemas da família Solé, os últimos dias de todo um modo de vida rural e dos seus ritmos, costumes e tradições, sob o peso das vicissitudes da economia, das regras da Europa comunitária e da era das energias alternativas. “Alcarràs” ganhou o Festival de Berlim deste ano.

“A Dois Minutos do Infinito”

Rodado com um iPhone, um orçamento microscópico, num só cenário e num único plano contínuo pelo japonês Junta Yamaguchi, “A Dois Minutos do Infinito” é um filme de ficção científica de bolso, até na modesta premissa da sua história. O dono de um café de Quioto, também músico amador, descobre certa noite, após fechar o estabelecimento, que o ecrã do seu computador lhe permite ver o futuro, mas apenas os dois próximos minutos. Juntamente com a empregada e um pequeno grupo de amigos, começa a explorar este fenómeno. Yamaguchi assina uma versão em formato pequenino e limitado, registo de comédia e com apenas 70 minutos, daqueles filmes do género em que os protagonistas acabam por causar perturbações no espaço-tempo e dar origem a paradoxos temporais. É curioso e divertido — desde que não comecemos a refletir sobre o porquê e o como dos acontecimentos.

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“The Gray Man — O Agente Oculto”

Custou 200 milhões de dólares, tornando-se no filme mais caro já feito pela Netflix, juntamente com “Aviso Vermelho”, esta realização dos irmãos Anthony e Joe Russo, conhecidos pelos seus filmes de super-heróis da Marvel. Ryan Gosling interpreta Seis, um agente da CIA conhecido apenas por este número e parte de um programa secretíssimo chamado Sierra, que se vê perseguido pelo seu chefe, após ter ficado de posse de informação que prova que este tem agido à revelia da agência numa série de operações violentas. O único aliado do agente em fuga é uma colega, Dani (Ana de Armas), que o vai ajudar a combater o homem posto no seu encalce, Lloyd (Chris Evans), um psicopata amoral que foi expulso da CIA e agora atua por conta própria, dispondo de um verdadeiro exército privado. “The Gray Man — Agente Oculto” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.