Dois dias, dois jogos. Depois do empate contra o Saint-Gilloise, esta quarta-feira, o Sporting continuava prego a fundo na pré-época e defrontava o Villarreal, vencedor da Liga Europa em 2020/21 e semifinalista da última Liga dos Campeões, logo no dia seguinte. Um dia em que Morita, reforço dos leões contratado ao Santa Clara e um dos jogadores em destaque frente aos belgas, falou abertamente pela primeira vez sobre o novo desafio da carreira.

“Estou muito feliz por estar aqui e estava um pouco nervoso nos primeiros dias. É uma nova etapa, por isso, ainda estou a ambientar-me. São todos muito bons jogadores e estão a conhecer-me aos poucos como jogador, a entender também a minha forma de ser. Tudo isso requer tempo. Mas a primeira impressão da equipa foi: ‘Uau, fantástica!’. São pessoas simpáticas e estão a acolher-me muito bem. Não falo muito, já no Japão era igual. Ainda assim, além de ouvir, quero falar e comunicar mais, não só em inglês como em português. Aqui todos os jogadores são realmente bons e entendem-se muito bem entre eles. Por exemplo, o Porro está sempre a correr e a subir e eu tenho de saber isso, tenho de olhar e começar a fazer essas ligações cada vez melhor”, explicou o médio japonês ao Jornal Sporting.

Porro marcou, Edwards prometeu, a equipa empatou com o Saint-Gilloise (a crónica de mais um teste de pré-época do Sporting)

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Mais à frente, na mesma entrevista, o jogador de 27 anos não escondeu que este é “o maior desafio” da carreira. “Há dois ou três anos, quando estava no Japão, nunca imaginaria que estaria aqui agora. Vir para o Sporting, que ganhou a Taça da Liga e a Supertaça na época passada, era a melhor decisão que podia tomar. Estou muito entusiasmado, este é o ano mais importante da minha carreira. Na seleção também queremos fazer o nosso melhor no Mundial, seria bom passar à próxima fase. Mas estamos num grupo muito difícil, com Espanha, Alemanha e Costa Rica. Estou ansioso pelo Mundial, quero muito representar o Japão. Assim como jogar a Liga dos Campeões. E, obviamente, estar ao mais alto nível no Sporting pode ajudar-me a ser convocado”, atirou Morita, que conta 16 internacionalizações pela seleção japonesa.

Assim, e depois de um confronto contra o Saint-Gilloise em que apresentou um onze muito jovem e deixou grande parte dos potenciais titulares fora dos convocados, Rúben Amorim escolhia frente ao Villarreal uma equipa inicial mais próxima daquela que provavelmente será eleita durante a temporada. Ainda sem o reforço Jeremiah St. Juste, por estar lesionado, mas já com Trincão nos convocados, o Sporting atuava com Adán na baliza, Esgaio na ala direita e Nuno Santos no lado contrário, Marsa, Inácio e Matheus Reis no trio de centrais, Ugarte e Matheus no meio-campo e Pote e Tabata no apoio a Paulinho. Do outro lado, embora ainda com muitas poupanças naquele que era o primeiro jogo da pré-época dos espanhóis, Unai Emery lançava essencialmente Mario Gaspar, Capoue, Manu Trigueros e o reforço José Luis Morales.

No Estádio Algarve, o Sporting começou algo adormecido e permitiu uma oportunidade de golo ao Villarreal logo nos instantes iniciais, com Jackson a obrigar Adán a uma defesa apertada e Trigueros a atirar ao lado na recarga (2′). Nesse lance, ficou visível aquele que seria um dos principais problemas dos leões na primeira parte: José Marsà, de apenas 20 anos, apresentava muitas dificuldades na hora de fazer frente aos atacantes espanhóis e não tinha capacidade para ser o primeiro elemento da construção leonina, como costuma acontecer com Coates.

O Villarreal dominou durante grande parte dos primeiros 45 minutos, empurrando o Sporting para o próprio meio-campo e impondo uma pressão alta e uma reação à perda que não encontrava paralelo no adversário e que tornava complexa a saída a jogar dos leões. Os espanhóis ficaram muito perto de inaugurar o marcador por intermédio de Niño, que rematou ao lado da baliza (16′), e a equipa de Rúben Amorim só conseguiu subir as linhas a partir da meia-hora, aproveitando também alguma quebra física do conjunto de Unai Emery.

Foi nesse período, ainda antes do intervalo, que a qualidade individual fez a diferença: Gonçalo Inácio rasgou linhas e encontrou Esgaio, o lateral soltou Pote, o avançado seguiu sem oposição e aproveitou o movimento de arrastão de Paulinho para tirar um remate perfeito, mais em força do que em jeito, para bater Jörgensen (40′).

No início da segunda parte, com o Sporting a vencer, nem Rúben Amorim nem Unai Emery mexeram logo ao intervalo. O jogo perdeu algumas características no segundo tempo, principalmente com as substituições e com a visível fadiga de atletas que ainda não estão com o ritmo competitivo exigido e necessário, e durante muito tempo as melhores oportunidades pertenceram a Niño, que permitiu a defesa de Adán (52′), e a Pote, que atirou à malha lateral (58′).

Emery foi o primeiro a mexer, lançando Moreno, Danjuma e Pedraza, e Amorim respondeu com Dário Essugo, Hevertton e Trincão — com este último a cumprir os primeiros minutos de verde e branco –, motivando a descida de Tabata para a zona do meio-campo para acolher o internacional português no trio ofensivo. O empate do Villarreal acabou por surgir já dentro do último quarto de hora: Pedraza recebeu na profundidade, fugiu a Hevertton e cruzou para assistir Baena (77′).

Rodrigo Ribeiro e Renato Veiga ainda entraram, Marsà fez uma exibição em absoluto crescendo e tornou-se mesmo um dos melhores elementos do Sporting na segunda parte mas os leões não conseguiram evitar novo empate, desta feita contra o Villarreal, naquele que foi o segundo jogo da pré-temporada com transmissão televisiva e o sexto em termos gerais.