O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu, esta quarta-feira, que é necessário, mas normal haver uma constante revisão das medidas adotadas pelo Governo para fazer face à inflação, que recusou ainda assim definir como estrutural. “À medida que se tem a noção de que a guerra [na Ucrânia] dura mais, de que os efeitos são mais fundos, mais necessário é ir revendo as medidas e tomando novas medidas. Está a acontecer em todos os países da Europa ao longo das últimas semanas e vai continuar nas próximas semanas enquanto durar a guerra”, declarou à margem de uma conferência na Gulbenkian, em Lisboa.

Falando ao mesmo tempo que se realizava o debate do estado da nação, o Chefe de Estado comentou o facto de António Costa ter dito que a inflação estava a piorar a as condições de vida dos portugueses. “É muito difícil negar a realidade, que esses efeitos na inflação, nas condições de vida das pessoas existem, vão existir, não sabemos por quanto tempo, o que significa que é importante haver acompanhamento por parte do Governo e medidas por parte do Governo”, declarou, reforçando: “É muito difícil explicar aos portugueses que a situação é melhor do que antes da guerra, do que antes da inflação, da subida do preço dos combustíveis, do preço de vários bens alimentares básicos. É muito difícil explicar aos portugueses que essa situação não seja pior do que a situação do ano passado”.

Recusando entrar no debate parlamentar, Marcelo disse limitar-se a “verificar” que o Governo já reconheceu que, “a haver mais guerra e mais efeitos da mesma”, será necessário um novo pacote de medidas. Relativamente à data de entrada em vigor da mesma, foi categórico: “Setembro é já amanhã. Esperem um bocadinho, falaremos disso depois.”

Já quando interrogado se já se pode definir a inflação como estrutural, e não conjuntural, Marcelo Rebelo de Sousa discordou: “Eu não direi que a inflação é estrutural, porque uma inflação estrutural é muito duradoura e corresponde a questões que são de fundo. Agora, que é uma inflação que está para durar enquanto durar a guerra parece evidente”.

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