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Food Riders. A raríssima trindade da satisfação: o sítio, as pessoas, a comida

Este artigo tem mais de 1 ano

Uma casa que nasceu para ser cozinha, numa rua descentralizada do restante universo da gastronomia. Recebem-nos com um sorriso, alimentam-nos com que é bom. Vamos embora e sabemos que queremos voltar.

O vegetal também pode ser comida de conforto — e estes hambúrgueres são a prova disso.
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O vegetal também pode ser comida de conforto — e estes hambúrgueres são a prova disso.

O vegetal também pode ser comida de conforto — e estes hambúrgueres são a prova disso.

O que é?

Um coletivo de cozinheiros e de designers, que nasce da pandemia, com uma cozinha desenhada exclusivamente para o negócio do take away e delivery, sempre de portas abertas para todos os que a quisessem visitar. Do digital passa para o analógico: a crise de saúde pública acalma, os restaurantes voltam a ser ponto de encontro e, assim, ao gira discos de vinil sempre a rodar juntam-se na sala principal três mesas e cadeiras altas para receber os clientes (há mais duas escondidas numa sala, disponíveis ao jantar). Sem um balcão a criar barreiras, a operação da cozinha é transparente e está à vista de todos, funcionando nela dois projetos gastronómicos, a que se junta um pop-up (agora, o Duro de Matar). Os residentes são os Las Gringas, comida mexicana dos antigos proprietários do Pistola y Corazon, e a Ameaça Vegetal, que começou como projeto do chef Diogo Noronha. Neste as propostas são 100% vegan, incluindo os hambúrgueres — ou pattys, já lá vamos. Não desanime, que isto são boas notícias.

Porque é que voltámos?

Simpatia do pessoal

Há quem tenha relatado atenção em demasia, mas — nem quando fomos, nem quando voltámos — conseguimos reunir provas que sustentassem a crítica. A simpatia do atendimento foi na medida certa: nunca excessiva, mas sempre atenta, e em vez nenhuma à vontadinha. À segunda recebem-nos com o sorriso familiar que fideliza clientes, aquele que diz “voltaste, lembro-me de ti”.

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Os tacos são bons, o hambúrguer fez o nosso dia

Por cá, a vida alimentar segue sem rótulos e longe dos fundamentalismos — não se restringe ou exclui. Apreciamos refeições de base vegetal, mas também consumimos glúten, lactose, piscamos o olho a um bom processado e não cancelamos fontes proteicas de qualquer categoria. Mas é verdade que é com alguma desconfiança que olhamos para propostas que rejeitam a espécie animal que da sua receita original fazia parte (a alheira vegan, por exemplo, é um conceito que continua a ser difícil de encaixar). Mas aqui foi diferente, muito provavelmente porque o exercício não passou por substituir, mas antes por criar de raiz um produto de qualidade, capaz de provar que o vegetal também pode ser de conforto. O deleite com que aqui saboreamos o hambúrguer — ou patty, que em inglês significa pedaço de comida moldada para forma de disco e cozinhada — foi surpreendente. 100% vegan, tem “queijo cheddar”, alface, tomate, cebola, pickles e maionese de alho, acompanhado por molho 3000 ilhas, servido num pão de batata com alface. Passa a integrar lista mental de sítios para comer um hambúrguer suculento, capaz de despertar o fenómeno associado a este tipo de comida: a hipótese surge com uma timidez mentirosa, começa a latejar a ritmo crescente e transforma-se numa exigência que tem de ser cumprida. Os trios de tacos, que fizeram a nossa estreia no Food Riders, não lhe ficam atrás. Com as mãos, limpamos os pedaços de carnitas que caem para cima do tabuleiro. A perda de pudor é sempre bom sinal.

O sítio

Apelidamo-la de Rua do Inferno, mas a morada oficial  é Calçada do Poço dos Mouros. Desafio físico vigoroso, permite escalar Lisboa da Morais Soares à Penha de França. As boas notícias é que não precisamos de terminar a subida íngreme: a discreta porta do número 28, dá acesso ao Food Riders. Longe da confusão dos restaurantes porta-sim-porta-não, fica num sítio onde vivem pessoas — pessoas que passam com os saquinhos das compras, que passeiam os cães, que saem do autocarro depois um dia de trabalho, que se entregam às atividades mais corriqueiras do quotidiano. Pessoas normais. No interior, emoldurado na parede está Andy Warhol a fazer exatamente o mesmo que nós (a devorar um hambúrguer). Na onda do indie e do alternativo, mas desempoeirado e despretensioso, não será absolutamente consensual: potencialmente incompreendido pelos que preferem o Rocco, atrairá mais os que circulam no eixo Arroios-Penha-Graça.

Nota extra

A oferta dos topopos caseiros, que vêm para a mesa assim que o cliente se senta e que estão em constante reposição até que se diga “está bom”.

O que é que mudávamos

É através de um QRCode fixado na mesa, que se consulta o menu, faz-se o pedido e se paga. Ainda que o processo sirva para simplificar, não conseguimos deixar de ver a coisa com estranheza. Não é que sejamos avessos ao avanço tecnológico — mas se estão pessoas à nossa frente, porquê robotizar? Depois, há a nova velha questão das dores: com os anos a acumularem-se e depois de um período de teletrabalho que nos esfrangalhou a lombar, a falta de encosto das cadeiras também não perfaz totalmente os critérios do conforto. Lamentamos também o facto de que as batatas — que vale a pena experimentar — tenham de ser pedidas à parte.

O FoodRiders fica no número 28 da Calçada do Poço dos Mouros. Funciona todos os dias, do meio-dia às 23h. Pode consultar o menu completo aqui.

Provámos e Voltámos é a rubrica onde regressamos aos restaurantes onde fomos felizes — e saímos de barriga cheia

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