“Dentro de dois anos, conseguiremos ter mais lucro nos veículos eléctricos do que nas versões com motores de combustão.” A afirmação é do director financeiro da Porsche, Lutz Meschke, o que significa que, financeiramente, esta marca do Grupo Volkswagen não terá qualquer problema em se concentrar na concepção e na produção de veículos eléctricos, em substituição dos modelos a gasolina, a gasóleo ou híbridos plug-in que constituem o grosso da sua gama.

Basta ver as contas que a Tesla publica a cada trimestre para nos apercebermos que é possível originar margens de 24% com veículos eléctricos a bateria. Daí que a generalidade dos construtores que se dedicam à produção deste tipo de automóveis acredite que vai gerar lucros superiores, sobretudo se houver um investimento decidido nesta nova tecnologia. Isto é, se os construtores de automóveis forem capazes de produzir as suas próprias baterias, motores eléctricos, sistemas de gestão energética e software. A própria VW, que se concentra numa oferta com modelos mais acessíveis, já admitiu igualmente que, a breve trecho, os modelos 100% eléctricos têm mais potencial para gerar lucros do que os modelos a combustão.

Meschke defende ainda que os seus clientes do Taycan estão dispostos a pagar mais pelas novas tecnologias, o que acaba por estar em linha com as expectativas da Porsche, que prevê que em 2030 cerca de 80% das suas vendas sejam veículos eléctricos, deixando uns marginais 20% para os híbridos plug-in e as versões estritamente a gasolina. De salientar que a Porsche, tal como os restantes fabricantes, poderá comercializar veículos equipados com motor a combustão na Europa até 2035. Mas as anunciadas expectativas deixam antever que os motores a gasolina podem ser abandonados muito antes do prazo imposto por Bruxelas. Excepto, eventualmente, no caso de superdesportivos fabricados em quantidades muito reduzidas.

Macan eléctrico nasce em 2022 e a gasolina morre em 2024

Com os Taycan e Taycan Cross Turismo já no mercado, a Porsche prepara-se para rapidamente apresentar o Macan eléctrico, tendo já prometido um SUV mais luxuoso também a bateria, tipo Cayenne, como o seu quarto modelo sem motor de combustão.

A Porsche tem ainda agendada uma oferta pública inicial em bolsa (IPO, do inglês Initial Public Offering), em que pretende alienar uma parte do capital para se financiar, com a marca a ter sido avaliada pelos bancos envolvidos na operação em cerca de 80 mil milhões de euros. Porém, este valor foi recentemente revisto em baixa, para apenas 60 mil milhões, o que obriga o construtor de Estugarda a reequacionar os seus objectivos, como relata a Automotive News.

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