A startup alemã de biotecnologia MicroHarvest fechou uma ronda de financiamento Série A no valor de 8,5 milhões de euros. A empresa sediada em Hamburgo anunciou, em comunicado divulgado esta terça-feira, que pretende aumentar a sua “equipa de investigação e desenvolvimento, “construir uma fábrica piloto em Lisboa” e “acelerar a produção para uma escala comercial”.

A entrada no mercado português é justificada pela tecnológica, fundada em 2021 por Katelijne Bekers — a quem se juntou este ano Jonathan Roberz e a portuguesa Luísa Cruz —, com o facto de Lisboa ser um “hub crescente de startups das áreas da biotecnologia e inovação alimentar”. “A equipa considera que o momento é perfeito para o crescimento da startup em Portugal”, lê-se na nota.

Questionada pelo Observador sobre a localização da fábrica piloto que abrirá em Lisboa em 2o23, Katelijne Bekers explicou, através de uma resposta escrita, que atualmente uma “localização interessante” está sob avaliação e remete “mais notícias” para os próximos tempos.

A cofundadora e CEO da MicroHarvest disse ainda que a empresa pretende que a equipa baseada em Lisboa tenha mais pessoas do que a equipa na Alemanha (que conta com 10 colaboradores) até “ao final do ano”.  Desta forma, a empresa está a contratar e tem como “objetivo aproveitar a quantidade elevada de talento existente em Portugal na área da biotecnologia, seja de jovens licenciados das Universidades, bem como de profissionais experientes que regressam a Portugal após vários anos de trabalho no estrangeiro, como é o caso da cofundadora e chief technology officer da MicroHarvest, Luísa Cruz”.

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A ronda de financiamento esta terça-feira divulgada foi liderada pela Astanor Ventures e pela Happiness Capital, contando ainda com a participação da sociedade de capital de risco portuguesa Faber e da FoodLabs, que já tinha anteriormente investido na MicroHarvest. “Estamos entusiasmados com a parceria com estes fundos eminentes. Partilhamos uma forte visão de melhorar os nossos sistemas alimentares, utilizando o poder da natureza”, afirmou Katelijne Bekers, que disse estar “empenhada” em criar “um mundo onde todos tenham acesso a alimentos nutritivos através de um sistema justo e resiliente”.

A startup considera ter a missão de “fornecer proteínas melhores, mais saudáveis e mais saborosas, produzidas de forma sustentável utilizando o poder dos microorganismos. Com o seu novo sistema de produção de proteína unicelular, a empresa responde à necessidade premente de alternativas sustentáveis para satisfazer a crescente procura global de proteínas”.

A tecnologia proprietária da MicroHarvest permite a utilização de bactérias para produzir proteínas de uma forma muito mais rápida do que as abordagens existentes”, lê-se no comunicado.

A MicroHarvest explicou ainda que “responde diretamente à crescente procura de ingredientes proteicos alternativos para a alimentação humana” — um mercado que a empresa diz estar avaliado em 14 mil milhões de dólares.

Depois de um ensaio piloto feito este ano, que a empresa considera ter sido “bem sucedido”, vão ser feitos novos ensaios de “produção em maior escala” e ainda “realizados mais testes de aplicação do produto”. O principal objetivo é entrar no mercado em 2023 e “aumentar a equipa para um total de 40 pessoas”, revelou a startup ao Observador.