Em agosto de 2021, Maya morreu. Era uma loba do Ártico que viveu uns longos 16 anos (a esperança de vida desta espécie ronda os 10). Vivia em cativeiro, no Harbin Polarland, um parque temático chinês dedicado às espécies polares. Apesar da morte, o seu legado não terminou no verão do ano passado. Da sua pele foram retiradas várias amostras e dessas amostras foram recolhidas diversas células. Criaram-se 137 embriões a partir do processo de clonagem, e 85 deles foram implantados no útero de sete cadelas, de raça Beagle. A 10 de junho deste ano, nasceu o primeiro lobo do Ártico clonado.

O lobo nasceu de uma cadela Beagle

Na data em que completou 100 dias de vida, os cientistas chineses que o criaram em laboratório apresentaram o lobo clonado numa conferência de imprensa, onde foi divulgado um vídeo dos primeiros dias do animal, onde parece saudável e enérgico.

A empresa, que se dedica à genética e à clonagem de animais, é a Sinogene Biotechnology Co. e está sediada em Pequim, capital chinesa.

Além da célula de Maya, foi necessário um ovócito de cadela para fazer nascer o lobo clonado. Uma Beagle — que tem ancestralidade comum com os lobos, o que aumenta as hipóteses de sucesso — foi a barriga de aluguer do novo lobo, explicou Zhao Jianping, um dos altos responsáveis da empresa chinesa.

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“Para salvar as espécies ameaçadas, começamos uma parceria com a Harbin Polarland em 2020 com o objetivo de clonar lobos do Ártico. Depois de dois anos de muito esforço, um lobo do Ártico foi clonado com sucesso. É o primeiro caso no mundo”, sublinhou Mi Jidong, diretor geral da empresa de biotecnologia.

É o primeiro caso do mundo

“A tecnologia de clonagem é um método de reprodução diferente da reprodução natural”, explicou, por seu lado, Lai Liangxue, do Instituto de Biomedicina e Saúde de Guangzhou. A técnica, esclareceu, é usada para animais com populações pequenas e nos quais é difícil extrair células sexuais. “É uma maneira eficaz de proteger a diversidade genética e aumentar o tamanho da população da espécie”, concluiu.

Também conhecidos como lobos polares, esta espécie não está ameaçada de extinção, segundo a WWF. É encontrado no norte do Canadá, no Alasca, na Groenlândia e na Islândia. Lobo já tem mais de 100 dias de vida.

O primeiro animal clonado do mundo foi a ovelha Dolly, que viveu entre 1996 e 2003, e foi apresentada oficialmente quando já tinha sete meses de vida. Teve uma vida normal, foi mãe de seis crias, mas a possibilidade de sofrer de envelhecimento precoce rapidamente dominou a discussão sobre a influência da clonagem nesse aspeto da sua saúde. Viria a sofrer de uma doença pulmonar progressiva e foi eutanasiada em 2003, com 6 anos. A esperança de vida de uma ovelha é de 10 a 12 anos.