Alguns dos “sinais vitais” do planeta atingiram o “código vermelho” e a humanidade enfrenta “inequivocamente uma emergência climática”, alerta uma coligação internacional de cientistas, liderada por investigadores da Universidade de Oregon, num relatório divulgado esta quarta-feira.
O texto, intitulado “Cientistas de todo o mundo alertam para uma emergência climática — 2022”, indica que 16 dos 35 “sinais vitais” da Terra utilizados para avaliar as mudanças climáticas atingiram níveis recorde.
São divulgados novos dados que mostram o aumento da frequência de “eventos extremos de calor”, uma aceleração da diminuição da cobertura florestal devido aos incêndios, assim como uma maior prevalência do vírus da dengue. É ainda referido que os níveis de dióxido de carbono atmosférico atingiram 418 partes por milhão, valor nunca antes registado.
William Ripple e Christopher Wolf são os principais autores do estudo, que tem como coautores 10 outros cientistas norte-americanos e de outros países e que foi antecedido do relatório “Cientistas de todo o mundo alertam humanidade: Segundo aviso”, divulgado há cinco anos também através do jornal científico BioScience e que foi assinado por mais de 15.000 investigadores de 184 países.
No mesmo sentido, a ONU apelou esta quarta-feira para “uma ação climática ambiciosa” face aos passos “insuficientes” que considera terem sido dados para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 graus centígrados até ao final do século, como previsto no Acordo de Paris.
“Os governos devem fortalecer agora os seus planos de ação climática e aplicá-los nos próximos oito anos”, defendeu Simon Stiell, responsável da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, num relatório sobre este instrumento multilateral divulgado nas vésperas da cimeira da ONU sobre o clima, a COP27, que decorrerá entre 06 e 18 de novembro na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh.
Stiell referiu que “a tendência de queda nas emissões esperadas até 2030 mostra que os países fizeram algum progresso este ano”, mas alertou que ainda se está longe “da escala e do ritmo de reduções de emissões necessárias”.
O responsável da ONU considerou “dececionante” o facto de desde a conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas em 2021 em Glasgow (COP26), apenas 24 das 193 partes do Acordo de Paris terem apresentado planos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
“As decisões e ações dos governos devem refletir o nível de urgência, a gravidade das ameaças que enfrentamos”, salientou, exortando os signatários do Acordo de Paris a participarem na COP27, que decorrerá entre 06 e 18 de novembro no Egito, “para mostrar como (o) vão aplicar nos seus países através de legislação, políticas e programas”.