O primeiro-ministro admite que o Governo pode vir a acabar com o programa dos Vistos Gold. António Costa visitou esta quarta-feira a Web Summit, onde foi questionado sobre a polémica em torno dos vistos para nómadas digitais, que o primeiro-ministro considera uma “oportunidade” . Mas defende que há programas “que obviamente estamos neste momento a reavaliar”, sendo um deles o dos Visto dourados. “Provavelmente já cumpriu a função que tinha a cumprir e neste momento não se justifica mais manter”. O fim ainda não está decidido, mas “quando se está a avaliar, colocam-se todas as hipóteses”. Após ser completada a avaliação, “tomam-se decisões e as hipóteses tornam-se decisões”, concluiu.

O Bloco de Esquerda não tardou a a responder no Twitter ao anúncio do primeiro-ministro. “Oh se cumpriu! Vamos ver como votam no Orçamento ou se é só mais um anúncio sem proposta”, escreveu Mariana Mortágua.

Após uma visita de quase duas horas aos pavilhões da FIL, onde passou por 10 startups, Costa falou ao jornalistas. Questionado sobre o novo regime dos nómadas digitais, que prevê vistos de residência para estrangeiros que ganhem mais de 2800 euros, e a controvérsia que o tema tem gerado, o primeiro-ministro destacou que a nova legislação “criou uma nova oportunidade” para estes trabalhadores.

“O nosso ecossistema de startups e empreendedorismo mudou radicalmente quando em 2012 criei a Startup Lisboa. Temos mais de 160 incubadoras e um crescimento muito significativo em startups. Isso é muito importante para sermos uma sociedade mais criativa e mais inovadora e para criar mais e melhores empregos para os mais jovens”, respondeu, após a insistência na questão sobre as possíveis desigualdades e pressão acrescida no mercado da habitação que estes profissionais criam no mercado.

“A política pública de habitação é crucial”, acrescentou. “Estamos a fazer um esforço enorme de recuperação”, afirmou, considerando que o Governo tem procurado responder a “várias necessidades”, dando o exemplo do IRS Jovem, da descida do preço dos passes sociais ou das creches gratuitas. E rejeitou as críticas. “Há uma nova realidade no empreendedorismo. A pandemia demonstrou que Portugal é particularmente atrativo para os nómadas digitais. Podemos querer ser um país fechado ao mundo, e isso é matar a nossa história e a nossa cultura, ou podemos e devemos querer ser um país aberto, onde todos se sentem bem vindos. É isso que queremos”, concluiu.

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