A gigante mundial de beleza e cosmética Estée Lauder anunciou esta terça-feira ter chegado a acordo para comprar a empresa do designer norte-americano Tom Ford, num negócio avaliado em 2.800 milhões de dólares (2.685 milhões de euros).

Em comunicado, a Estée Lauder refere que ficar “sob a [sua] gestão” permitirá “a continuidade e a evolução da marca Tom Ford” como uma das principais marcas de luxo do mundo.

A operação — a maior realizada até à data pelo grupo de beleza, e ainda pendente das necessárias autorizações — deverá ficar concluída no primeiro semestre de 2023.

Segundo os últimos dados disponíveis, o grupo português Américo Amorim, da família Américo Amorim, detém uma participação de 10% na Tom Ford, pelo que poderá encaixar cerca de 270 milhões de euros com o negócio.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Esta aquisição estratégica abrirá novas oportunidades e fortalecerá os nossos planos de crescimento para a Tom Ford Beauty”, afirma Fabrizio Freda, presidente e presidente executivo (CEO) da Estée Lauder, citado no comunicado.

“Também contribuirá para impulsionar o nosso crescimento na promissora categoria de beleza de luxo a longo prazo, ao mesmo tempo que reafirma o nosso compromisso de liderança global no segmento da beleza de prestígio”.

A Estée Lauder diz que pretende financiar a aquisição através de uma combinação de dinheiro e dívida e, ainda, de 300 milhões de dólares (288 milhões de euros) em pagamentos diferidos aos vendedores, com vencimento a partir de julho de 2025.

Nos termos do acordo, Tom Ford, fundador e presidente executivo (CEO) da Tom Ford International, irá manter-se como o responsável criativo da marca até ao final de 2023. Domenico De Sole, presidente (‘chairman’) da Tom Ford International, permanecerá como consultor até à mesma data.

Embora a Estée Lauder tenha referido que o acordo avalia a Tom Ford em 2.800 milhões de dólares (cerca de 2.685 milhões de euros, ao câmbio atual), o grupo de cosmética, com sede em Nova Iorque, deverá pagar cerca de 2.300 milhões de euros (2.208 milhões de euros), após um pagamento de 250 milhões de dólares (240 milhões de euros) da fabricante italiana de óculos Marcolin.

De acordo com a edição digital do The Wall Street Journal, a Estée Lauder pretende financiar a aquisição através de uma combinação de efetivo, dívida e 300 milhões de dólares (289 milhões de euros).

Tom Ford, de 61 anos, ingressou na Gucci em 1990 como designer de moda feminina e, em 1994, foi nomeado diretor criativo, cargo no qual permaneceu por 10 anos. Nesta altura, as vendas do grupo Gucci subiram de 230 milhões de dólares para 3.000 milhões de dólares, o que converteu a empresa numa das marcas de luxo mais lucrativas do mundo.

Natural do Texas, o criador lançou sua própria empresa em 2005. Além das suas coleções de pronto-a-vestir de luxo, Ford deu também o seu nome a linhas de produtos de beleza, acessórios e óculos.

Os perfumes e produtos de maquilhagem da Tom Ford Beauty estavam já, desde o seu lançamento, em 2006, ao abrigo de um acordo de licenciamento com a Estée Lauder, que é também proprietária dos cosméticos MAC, Clinique, La Mer e Aveda.

A Estée Lauder prevê que, dentro de dois anos, a Tom Ford Beauty atinja vendas de 1.000 milhões de dólares (959 milhões de euros), contando, sobretudo, com o sucesso dos seus perfumes de luxo nos Estados Unidos e na China.

Com o negócio agora anunciado, a Estée Lauder adquire os direitos de propriedade intelectual de todas as linhas da Tom Ford, não tendo já de pagar ‘royalties’ pela Tom Ford Beauty e podendo obter novas fontes de receita ao conceder, ela própria, licenças para uso da marca.

O acordo prevê, nomeadamente, o prolongamento e expansão da licença concedida pela Tom Ford à Ermenegildo Zegna para as linhas de vestuário, acessórios e roupa interior. A licença atualmente concedida à Marcolin para os óculos Tom Ford será também será prolongada.

Num comunicado, Tom Ford considerou que a Estée Lauder era “a casa ideal” para a marca.

“Eles têm sido um parceiro incrível desde o início do meu negócio e estou muito feliz em vê-los tornar-se os luxuosos administradores deste novo capítulo da marca Tom Ford”, disse.

Segundo o Wall Street Journal, outros grupos estavam na disputa para comprar a Tom Ford, entre eles a francesa Kering, que já é dona das marcas Gucci, Saint Laurent e Balenciaga.