Martina Navratilova foi diagnosticada com cancro da mama e da garganta. A antiga tenista, agora com 66 anos e vencedora de 18 Grand Slams, vai iniciar os tratamentos ainda durante este mês de janeiro e tem “prognóstico favorável”, já que ambos os tumores foram encontrados numa fase ainda muito precoce.

Em declarações ao The Times, Navratilova explicou que as duas situações não estão relacionadas: enquanto realizava os exames definitivos para descobrir o tumor na garganta, deparou-se com um nódulo no peito. Em 2010, há mais de uma década, a tenista já tinha sido diagnosticada com um cancro da mama não invasivo, do qual recuperou através de radioterapia.

“Este golpe duplo é sério mas é tratável. Estou à espera de um resultado favorável. Vai ser muito chato durante algum tempo mas vou lutar com tudo aquilo que tenho”, garantiu Martina Navratilova, que nasceu na então Checoslováquia e naturalizou-se norte-americana. “Não falava muito sobre cancro da mama antes de o ter. Agora, sou abordada por outras mulheres e partilhamos as nossas histórias. É encorajador perceber que existe vida depois do cancro”, acrescentou.

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Consensualmente interpretada como uma das melhores tenistas de todos os tempos, Navratilova conquistou 18 Grand Slams entre três vitórias no Open da Austrália (1981, 1983 e 1985), duas em Roland Garros (1982 e 1984), nove em Wimbledon (1978, 1979, 1982-1987 e 1990) e outras quatro no US Open (1983, 1984, 1986 e 1987). Uma das principais histórias da tenista é o facto de, em 1975 e depois de ser eliminada nas meias-finais do US Open por Chris Evert, ter decidido pedir asilo aos Estados Unidos e naturalizar-se norte-americana — apesar de ter nascido em Praga, na então Checoslováquia.

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Um pormaior que fez com que, em 1978 e na primeira de nove meses que conquistou o torneio de Wimbledon, não tenha contado com a presença dos pais no Grande Slam britânico. Depois de fugir da Checoslováquia aos 18 anos, em busca do american dream, passou quatro anos sem ver qualquer elemento da família. Durante o jogo, nem sequer sabia se os pais iam conseguir ver a final. “É nessas alturas que te focas e continuas. Era tudo muito emocional, mas não te afundas nisso porque se o fizeres, não consegues jogar”, revelou a tenista ao The New York Times.

Depois da vitória, descobriu que os pais tinham viajado até Pilsen, junto à fronteira alemã, e conseguiram assistir ao jogo através da televisão. O pai acabou por conseguir telefonar para o balneário para a congratular. “Nunca me lembrei de lhe perguntar: ‘Calma, como é que conseguiste o número?'”, recordou Navratilova.

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Martina Navratilova voltou a vencer Wimbledon no ano seguinte, em 1979. Com a ajuda de um pedido especial da Duquesa de Kent, o governo checoslovaco emitiu um visto de turismo para a mãe da tenista, Jana, que chegou a Inglaterra na véspera do início do torneio para ver a filha jogar. A família, ainda assim, só estaria completamente reunida alguns anos depois.

Casada com uma antiga Miss União Soviética, assumiu a homossexualidade em 1981 e chegou a manter um relacionamento com Nancy Lieberman, antiga basquetebolista que chegou a ser treinadora adjunta dos Sacramento Kings na NBA. A tenista jogou e venceu a última partida da carreira em Wimbledon: a final do torneio de pares mistos em 2003, com 46 anos. Retirou-se em 2006, com 49 anos e esse palmarés de 18 Grand Slams conquistados, num recorde que divide com Billie Jean King. Foi a número 1 do mundo durante um total de 332 semanas em singulares e 237 semanas em pares, sendo a única tenista da história a manter a liderança dos dois rankings durante mais de 200 semanas.