O fecho alternado de maternidades nos fins de semana do Natal e Ano Novo obteve “uma avaliação positiva” e o modelo vai, por isso, manter-se ao longo dos próximos fins de semana e até ao fim do primeiro trimestre de 2023, confirmou o Observador junto de fonte oficial da Direção Executiva do SNS.

Foi esta a conclusão da primeira reunião de Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, com os diretores dos serviços de ginecologia e obstetrícia, pediatria e anestesiologia dos hospitais que estiveram envolvidos no plano, os representantes das administrações regionais de saúde (ARS) e a liderança do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Em declarações ao Observador, fonte oficial da Direção Executiva do SNS confirmou que “foi feita uma avaliação positiva e será mantida a estratégia neste primeiro trimestre, mantendo a programação, a previsibilidade e a antecipação“.

No final será feita nova avaliação para definição das etapas seguintes“, adiantou ainda. Entre os próximos passos está a definição de um plano para o funcionamento de uma rede de referenciação das urgências de ginecologia e obstetrícia para este verão, que pode implicar a continuidade do fecho alternado desses serviços. Esse plano estará pronto ainda este mês, cumprindo um mote que está a servir de bússola para as tarefas da Direção Executiva do SNS: no inverno prepara-se o verão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Direção Executiva cria ainda este mês uma rede de referenciação para o verão que pode implicar fecho alternado de maternidades

A reunião entre a Direção Executiva do SNS, os hospitais que entram atualmente no esquema de fecho alternado de maternidades, as ARS e o INEM começou às 15h e serviu para avaliar a resposta do Serviço Nacional de Saúde nos fins de semana do Natal e do Ano Novo — um primeiro teste ao plano que Fernando Araújo propôs para colmatar o problema da falta de médicos e a consequente dificuldade em preencher as escalas destes serviços nos hospitais com esta especialidade em Lisboa, Setúbal e Santarém. Ao que o Observador apurou, a manutenção desta estratégia foi decidida de forma unânime pelos participantes.

Os hospitais envolvidos no fecho alternado de maternidades são, em Lisboa, o Hospital Santa Maria (Centro Hospitalar Lisboa Norte), o Hospital São Francisco Xavier (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), o Hospital Fernando da Fonseca, o Hospital de Vila Franca de Xira, o Hospital Beatriz Ângelo e a Maternidade Alfredo da Costa (Centro Hospitalar Lisboa Central).

Em Setúbal, estão envolvidos o Hospital São Bernardo (Centro Hospitalar de Setúbal), o Hospital do Barreiro-Montijo e o Hospital Garcia de Orta. Em Santarém, foram agrupados o Hospital Distrital de Santarém, o Hospital de Abrantes (Centro Hospitalar Médio Tejo) e o Hospital das Caldas da Rainha (Centro Hospitalar do Oeste).

Direção Executiva do SNS estuda mecanismo para pedir baixas sem intervenção do médico

Nas últimas semanas, o diretor executivo do SNS e o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, têm apontado para um balanço positivo deste esquema de fecho alternado de maternidades. Logo após o Natal, o governante com a pasta da Saúde assegurou que “todo o sistema funcionou de forma absolutamente organizada”. E que foi assim não só nas urgências hospitalares na área da saúde materno-infantil, como também nos centros de saúde: “Tivemos 17 mil consultas no sábado e domingo. É certo que também tivemos 16 mil pessoas nas urgências, mas alguns milhares teriam ido a urgência desnecessariamente”.

Também Fernando Araújo disse em entrevista à SIC que os dados atuais são “extremamente favoráveis” ao fecho alternado de maternidades ao fim de semana. Quanto aos encerramentos definitivos, o diretor executivo do SNS afirma que já estão identificados os hospitais cujos serviços de urgência ginecológica e obstétrica podem encerrar — mas não avança, para já, quais são.

“Estão a ser avaliadas regras que sejam transversais, que visam, acima de tudo, garantir segurança e qualidade. Não importa se são privados, públicos ou sociais, devem ser seguidas por todos”, admitiu o Fernando Araújo na mesma entrevista. E acrescentou: “Devo lembrar que há blocos de parto privados que fazem 40 a 50 partos por ano, eventualmente um parto por semana e com taxas de cesariana de 100%. Eu tenho dúvidas se são blocos de partos ou se são blocos cirúrgicos, que é bem diferente”.