Duas pinturas, uma de Amadeo de Souza-Cardoso e outra de Manuel D’Assumpção, foram doadas ao Museu Nacional de Arte Contemporânea — Museu do Chiado (MNAC-MC), em Lisboa, revelou este sábado à agência Lusa a diretora.

De acordo com a diretora do museu, Emília Ferreira, as duas obras são “da maior relevância para a história da arte portuguesa do século XX” e foram doadas pelo casal de colecionadores Pinto de Figueiredo.

“Pintura (Janelas)”, de cerca de 1916, de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), e “A las Cinco en Punto de la Tarde (homenagem a Garcia Llorca)”, de 1960, de Manuel D’Assumpção (1926-1969), são pinturas que vão “enriquecer de modo muito significativo” a coleção do MNAC-MC, salientou a responsável à Lusa.

Para Emília Ferreira, o legado daquelas obras “de dois incontornáveis nomes da arte portuguesa do século XX” também “sublinha o imenso envolvimento do casal [Pinto de Figueiredo] com a arte e a cultura portuguesas”, a quem o museu manifesta “profundo reconhecimento público” pela generosidade.

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As duas peças foram legadas na sequência da morte de Jeanne Pinto de Figueiredo, viúva de João Castanheira de Moura Pinto de Figueiredo (1917-1984), jurista e literato, amigo de artistas e cultor do ensaio sobre artes visuais e literatura.

Foi também um apaixonado colecionador de arte moderna, destacado investigador e divulgador da obra dos autores a que se dedicou, e bibliófilo, indica uma nota de imprensa do museu sobre o mecenas.

Enquanto autor, privilegiou a abordagem à obra de poetas e pintores, como Cesário Verde, Mário de Sá-Carneiro e Manuel d’Assumpção, dando à estampa as obras o “Álbum de Cesário Verde” (1978) e “A vida de Cesário Verde” (1981), “A Morte de Mário de Sá-Carneiro” (1983), traduzida para francês pelas Éditions de la Différence, em 1992, e “Itinerário”, texto para o catálogo de D’Assumpção, na Galeria Ottolini (1975), republicado no catálogo da exposição homónima, que a Fundação Calouste Gulbenkian dedicou ao artista em 1985.

Em 2017, por ocasião do centenário do nascimento de João Pinto de Figueiredo, a Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, dedicou-lhe uma exposição que, baseada numa doação da viúva, revelou o espólio do colecionador.

De acordo com o museu, será realizada na terça-feira, às 15:00, uma cerimónia que formaliza a doação.

O Museu do Chiado foi fundado em 1911, como Museu Nacional de Arte Contemporânea, está instalado no Convento de São Francisco, no centro histórico de Lisboa, e o seu acervo integra mais de 5.000 peças de arte, num percurso cronológico desde 1850 até à atualidade que inclui pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo.