Casas sem eletricidade, voos cancelados, estado de emergência em nove regiões. O ciclone Gabrielle já fez muitos estragos à chegada à Nova Zelândia, mas o pior ainda não passou — e é provável que “as coisas fiquem pior antes de melhorarem”, já avisou o primeiro-ministro, Chris Hipkins.

Os relatos são dramáticos: espera-se que o pico dos efeitos do ciclone atinja o norte da Nova Zelândia nesta segunda-feira à noite e se prolongue até terça-feira, mas nesta altura já há 46 mil casas sem eletricidade, graças aos primeiros impactos da tempestade, conta a BBC.

Graças às chuvas torrenciais e ventos fortes, o estado de emergência foi declarado em nove regiões, o que significa que um terço da população, de 5,1 milhões, está abrangida. Mas, nesta altura, o Governo está mesmo a considerar declarar estado de emergência nacional — será a terceira vez na história do país.

E as evacuações continuam: há “dezenas” a serem registadas na maior cidade da Nova Zelândia, Auckland, incluindo a retirada de pessoas de 50 casas de um prédio de 30 metros de altura que corria o risco de colapsar, conta também a BBC.

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No meio do caos, o primeiro-ministro veio avisar que o pior ainda estará para vir. Chris Hipkins, que acabou de suceder no cargo a Jacina Arden, alertou esta segunda-feira que a situação ainda irá “piorar”, recordando que este “evento extremo” acontece logo a seguir a uma tempestade que, no final de janeiro, entrou para os registos históricos de mau tempo em Auckland e provocou o dia com mais chuva de que há registo, como contava o The Guardian, além de ter matado quatro pessoas.

Com a população ainda a tentar recuperar do temporal anterior, já há 25 mil pessoas a precisar de ajuda com comida, roupas ou alojamento, numa altura em que o Governo já veio anunciar um pacote de ajuda de 11,5 milhões de dólares (cerca de 10,8 milhões de euros), mas avisando que “os serviços sociais atingiram o limite da sua capacidade”.

Agora, com a região ainda a tentar recuperar da tempestade anterior, as evacuações continuam, por entre os avisos do primeiro-ministro, citado pelo mesmo jornal: mesmo as zonas que não têm, para já, ordem para se retirar devem “estar preparados, ficar dentro de casa se puderem, e preparar um plano caso tenham de sair”.

À radio New Zealand, o responsável pelo controlo deste tipo de incidentes, Gerar McCormack, explicou que há outro fator de risco a ter em conta: a pior parte do ciclone poderá coincidir com a altura em que as marés estarão mais altas, a meio da noite, pelo que se esperam grandes “inundações”.

Além das cheias, inundações e evacuações, as condições também são dificultadas por outros efeitos da tempestade: houve árvores a cair, graças aos ventos fortes, e a bloquear estradas, o que torna mais díficil recuperar a eletricidade em milhares de casas. Segundo o Guardian, o serviço meteorológico nacional neozelandês disse mesmo ter alcançado um novo recorde para a emissão de avisos “vermelhos”.

Nova Zelândia cancela voos devido à passagem do ciclone Gabrielle

No domingo, a companhia aérea de bandeira da Nova Zelândia já tinha cancelado dezenas de voos, incluindo todos os voos domésticos de e para Auckland até ao meio dia de terça-feira (23h de segunda-feira em Lisboa) e muitos voos internacionais.

Nesse dia, os serviços meteorológicos já avisavam que o ciclone representa “um risco muito alto de condições climáticas severas, com graves consequências e sem precedentes”, prevendo que esta segunda-feira se atingissem os 250 milímetros de chuva. E o primeiro-ministro dirigia-se à população pedindo que “levasse isto a sério”. A tempestade ainda não passou.