A animação portuguesa continua em festa, depois da histórica chegada aos Óscares e com o regresso do Monstra — Festival de Animação de Lisboa. Aquele que é um dos mais antigos festivais de cinema portugueses mostra, de 15 a 26 de março, mais de 400 títulos, com a maior presença de sempre de filmes nacionais em competição.

À 22ª edição, o Monstra vai celebrar o passado e o presente do cinema de animação português ora revisitando filmes como “O pesadelo do António Maria” (1923), de Joaquim Guerreiro, ora apresentando produções recentes, entre as quais “Ice Merchants”, de João Gonzalez, nomeada para os Óscares. As sessões de cinema — porque também há exposições, masterclasses — distribuem-se pelo Cinema São Jorge, pela Cinemateca Portuguesa, Cinemateca Júnior, UCI — El Corte Inglés e Cinema City Alvalade.

“Os demónios do meu avô”, de Nuno Beato

20 março, 21h30, Cinema São Jorge — Sala Manoel de Oliveira

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Rosa, uma empresária inteiramente dedicada à sua carreira, questiona-se sobre as suas escolhas de vida com a morte inesperada do avô, de quem se tinha progressivamente afastado. É tempo de abandonar a cidade e partir ao encontro das memórias. A história, escrita por Possidónio Cachapa e Cristina Pinheiro, a partir de uma ideia de Nuno Beato, da produtora Sardinha em Lata, bebe inspiração no universo da ceramista portuguesa Rosa Ramalho. O filme esteve nomeado para Melhor Filme de Animação nos Goya e chega ao circuito comercial a 4 de maio.

“Nayola”, de José Miguel Ribeiro

22 março, 21h30, Cinema São Jorge — Sala Manoel de Oliveira

A primeira longa-metragem de José Miguel Ribeiro — autor de curtas como “O Banquete da Rainha” (1994) ou “A Suspeita” (1999) — é um filme que retrata o impacto da guerra civil angolana na vida de três mulheres: Lena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta). O passado e o presente cruzam-se nesta obra inspirada na peça “A Caixa Preta”, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. O filme conquistou prémios em São Paulo e Bruxelas, esteve nomeado para o conceituado Cartoon Movie, e vai chegar às salas de cinema portuguesas a 13 de abril.

“O Marinheiro Voador”, Amanda Forbis e Wendy Tilby

23 março, 19h00, Cinema São Jorge — Sala Manoel de Oliveira


Era, tal como “Ice Merchants”, um dos nomeados ao Óscar de Melhor Curta de Animação, mas que ficou derrotado perante “The Boy, the Mole, the Fox and the Horse”. “The Flying Sailor”, das canadianas Amanda Forbis e Wendy Tilby, mostra-se pela primeira vez em Portugal integrado na “Competição Curtas 4”. Em oito minutos se conta como o choque de dois navios leva a uma explosão e consequente destruição de uma cidade. Pelo meio, há um marinheiro que sai disparado em direção ao céu.

“Interdito a cães e italianos”, de Alain Ughetto

24 março, 19h00, Cinema São Jorge — Sala Manoel de Oliveira

Galardoado este mês nos prémios Cartoon Movie 2023, este filme realizado através da técnica stop-motion usa a história da família Ughetto para fazer um retrato da emigração italiana nos anos 30 do século XX. A co-produção europeia (França, Bélgica, Itália, Suíça e Portugal) é realizada pelo francês Alain Ughetto. A mãozinha portuguesa chega através da produtora Ocidental Filmes.

“My Year of Dicks”, de Sara Gunnarsdóttir

25 março, 17h00, Cinema São Jorge — Sala 3


Também nomeado à cobiçada estatueta dourada estava “My Year of Dicks”, de Sara Gunnarsdóttir. O filme integra a secção Perspetivas do Monstra e o título, provocador, remete para a aventura de uma jovem de 15 anos que está a tentar perder a virgindade. A curta-metragem, de 24 minutos, é baseada num livro de memórias sobre a adolescência da escritora norte-americana Pamela Ribon.

“Inu-Oh”, de Masaaki Yuasa

17 março, 21h30, Cinema São Jorge — Sala Manoel de Oliveira

O Japão tem quase sempre lugar de destaque no festival e este ano não é diferente, já que é o país homenageado nesta edição. O programa inclui uma sessão única da longa-metragem musical “Inu-Oh”, do reconhecido realizador Masaaki Yuasa, exibida em 2021 no festival de Veneza, sobre a relação entre um bailarino com características físicas únicas e um compositor cego.

“A Casa para Guardar o Tempo”, de Joana Imaginário

24 março, 21h, Cinema São Jorge — Sala Manoel de Oliveira

Certo dia, todos os livros ficam doentes. Numa casa que faz as vezes de biblioteca, museu e espaço de trabalho, uma restauradora percorre salas fechadas e secretas para criar um livro que salvará todos os outros. A curta-metragem “Casa para Guardar o Tempo”, de Joana Imaginário e produzida pela Sardinha em Lata, evidencia também o minucioso trabalho de fazer cenários e marionetas em papel.

“A Tartaruga Vermelha”, de Michael Dudok de Wit

21 março, 21h00, Cinema São Jorge — Sala 3

Um náufrago chega a uma ilha tropical habitada por tartarugas, caranguejos e pássaros. A poesia deste conto da tartaruga vermelha, sem diálogos, valeu a Michaël Dudok de Wit (o primeiro realizador não japonês a trabalhar com os míticos estúdios Ghibli) um prémio no Festival de Cannes e uma nomeação ao Óscar em 2016. O realizador estará pela primeira vez em Portugal e no dia da exibição do filme, às 14h00, protagoniza uma masterclass sobre criatividade.