António Costa garantiu que não tinha conhecimento da “reunião secreta” que envolveu membros do Governo, do grupo parlamentar do PS e com a CEO da TAP, mas referiu que nos tempos em que foi secretário de Estado e ministro dos Assuntos Parlamentares “era muito frequente haver reuniões de preparação das audições”.

“É preciso ter noção da dimensão das coisas”, disse o chefe de Governo relativamente à mesma reunião, ao justificar que “o verdadeiro problema da TAP é que tem de completar o plano de reestruturação”.

O primeiro-ministro reiterou a ideia de que deseja a comissão parlamentar de inquérito à TAP “apure toda a verdade” e que “se tirem as consequências que houver a tirar” no final das conclusões, mas questionado sobre a relação entre o Governo e a TAP deixou claro que “o Governo não deve interferir na vida do dia a dia das empresas”.

E disse mais, ao ir buscar um exemplo dos tempos em que era presidente da Câmara Municipal de Lisboa de um momento em que recebeu trabalhadores de uma empresa municipal: “As questões laborais são tratadas com a administração e não com o acionista [autarquia] e tenho o mesmo entendimento em relação ao Estado.”

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Ainda relativamente à comissão parlamentar de inquérito, o primeiro-ministro afirmou que é “muito importante para o país que instituições vão funcionando”, recordando que a Assembleia da República deve cumprir a função de fiscalizar a ação do Governo e da administração e sublinhando que “é importante que [a CPI] desenvolva a atividade e que [se aguarde] serenamente pelas conclusões”.

O primeiro-ministro, que apenas tinha aberto uma exceção no comentário às notícias relativas à CPI para dizer que conhecimento do e-mail de Hugo Mendes teria valido demissão na hora, refere que o relacionamento entre o Executivo e empresas públicas deve focar-se em “princípios fundamentais” e que não devem ser “confundidas empresas públicas com políticas”.

“As empresas públicas que são tituladas pelo Estado e têm uma gestão empresarial que deve ser assegurada pelas administrações. O que compete ao Estado é fixar orientações estratégicas, aprovar os planos de atividade, avaliar a execução e trabalho das empresas quando faz avaliação nas contas e depositar confiança nas administrações”, explicou, dando como exemplo o caso da Caixa Geral de Depósitos e o “relacionamento exemplar” que existe entre o Governo e a “empresa que tem 100% capital público”.

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