A Associação Valorização do Chiado (AVC) considerou que os condicionamentos à circulação automóvel na baixa lisboeta, a partir de 26 de abril, devido a obras, vão ter um impacto negativo, quer para moradores, quer para comerciantes e empresas.

“Os condicionamentos irão impactar negativamente. O Chiado está a tornar-se numa ilha e isto, qualquer dia, não sei como se tem aqui acesso”, considerou o presidente da AVC, Victor Silva.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apresentou na terça-feira uma “5.ª Circular” imaginária, de Alcântara ao Parque das Nações, como alternativa para a circulação automóvel na Baixa da cidade, que estará condicionada a partir de 26 de abril devido a várias obras.

Segundo Victor Silva, a questão das limitações ao trânsito “já não é nova” na zona e por vezes não é feita “de forma muito clara”, lamentando que as grandes superfícies na cidade “raramente sejam afetadas” com as políticas de alteração ao trânsito.

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De acordo com o responsável, tem havido “um afastamento do acesso automóvel e dos portugueses” ao centro histórico, reconhecendo que até os transportes públicos, nomeadamente o metro, “tem muitas vezes as escadas rolantes avariadas”.

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“Ficámos sem o elétrico 24 aquando das obras no Largo do Rato, que já acabaram, e nunca foi reposto integralmente o serviço. Ficamos confinados ao metro porque não há um transporte público para a parte alta do Chiado”, explicou.

Para Victor Silva, a cidade dos 15 minutos “é uma caricatura”, já que as pessoas são impedidas de circular, tendo em conta “os preços caríssimos do estacionamento”. “A minha posição é bastante crítica. Continuamos a ver na zona os turistas, porque esses não andam de carros, já que os portugueses estão a ser afastados“, sublinhou.

Victor Silva reconheceu também que os negócios “já estão a sofrer e vão continuar a sofrer”, considerando que as “empresas nacionais de pequena dimensão estão com problemas que as multinacionais estrangeiras no local acabam por não ter”.

“Durante os três primeiros meses – janeiro, fevereiro e março – foi comercialmente um desastre. Os portugueses não vêm cá e não há turistas”, reconheceu.

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Entre as obras que vão condicionar a circulação automóvel estão a expansão do Metro de Lisboa, a realização do Plano de Drenagem, para evitar situações de cheias na capital, a reabilitação da rede de saneamento e a repavimentação de vias, obras que já estão a condicionar o trânsito nas imediações da Rua da Prata e da Alameda Infante D. Henrique, respetivamente.

Entre as medidas de condicionamento de trânsito na Baixa está a proibição de acesso a veículos com mais de 3,5 toneladas entre as 08h00 e as 20h00, quer sejam viaturas para abastecimento de estabelecimentos comerciais ou autocarros de transporte turístico, sendo esta uma medida que quase de certeza se manterá mesmo depois de as obras acabarem.

A exceção a esta regra serão os autocarros dos transportes públicos, como os da Carris.

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