O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de Moçambique afastou um diretor distrital e mais dois elementos por alegada prática de um crime eleitoral durante o recenseamento de votantes, anunciou o organismo.

“Tivemos indícios de algum ilícito no recenseamento eleitoral. (…) Vimos que o equipamento [de registo eleitoral] foi encontrado num local que não consta dos aprovados como posto de recenseamento eleitoral”, disse no domingo o diretor provincial do STAE em Nampula, Luís Cavalo, à comunicação social.

Posteriormente, fonte do organismo a nível central disse à Lusa que o dirigente afastado é Charles João Amade, diretor do STAE no distrito de Ribáue, norte do país.

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Luís Cavalo adiantou que o equipamento de recenseamento foi encontrado fora da hora normal fixada para o registo eleitoral, que é entre as 08h00 e as 16h00 (entre as 07h00 e 15h00 em Lisboa).

“Analisados estes elementos, vimos que há evidências que concorrem para ilícito no processo de recenseamento eleitoral“, acrescentou.

Também foram afastados das suas funções um supervisor e um recenseador por envolvimento no caso, adiantou o responsável provincial do STAE em Nampula. Na última sexta-feira, o comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) disse ter registado 18 alegados ilícitos eleitorais nas primeiras duas semanas do recenseamento para as eleições autárquicas de 11 de outubro, tendo lavrado autos para a responsabilização criminal dos infratores, disse a corporação.

A informação da polícia surgiu na sequência de denúncias de organizações de observação, como “registo clandestino de eleitores”, “suposta venda de cartões de eleitor”, “queixas sobre avarias e lentidão das máquinas de registo”, “movimentação não justificada de membros das brigadas de recenseamento” e “agressões a fiscais dos partidos políticos, durante os primeiros dias do recenseamento”, segundo sintetizou a organização Sala da Paz.

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