O troféu da Liga Europa ainda nem sequer estava em campo. José Mourinho entrou no relvado da Puskás Arena depois de ver Montiel bater Rui Patrício no derradeiro penálti da final, viu o Sevilha vencer a Roma para conquistar a competição pela 7.ª vez, levantou os jogadores mais inconsoláveis e agradeceu o apoio aos adeptos. E achou que já não precisava de ver mais: dirigiu-se ao palanque, cumprimentou o presidente da UEFA e pediu a medalha de finalista de imediato, sem esperar que o plantel italiano se alinhasse e sem receber a guarda de honra dos espanhóis.

Montiel, o homem que nasceu para marcar o último penálti (a crónica da final da Liga Europa)

O treinador português perdeu a primeira final europeia da carreira e nem sequer quis ficar com a recordação, atirando a medalha para a bancada do estádio de Budapeste antes de seguir para o túnel — medalha essa que foi recolhida por um jovem adepto da Roma. Depois de conquistar a Taça UEFA com o FC Porto, a Liga dos Campeões com os dragões e o Inter Milão, a Liga Europa com o Manchester United e a Liga Conferência já com os italianos, Mourinho falhou o sexto troféu europeu e perdeu a derradeira possibilidade de estar na Champions da próxima temporada.

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Já na sala de imprensa, depois de sair do relvado, o treinador português lembrou que “o desporto é isto mesmo”. “Há momentos de desilusão, mas não se pode dizer nada ao grupo. Saímos com a taça ou mortos e estamos mortos tanto fisicamente como mentalmente, até porque achamos que é um resultado injusto. A taça não chega e nós chegamos mortos, cansados e orgulhosos. Digo sempre que podemos perder um jogo, mas nunca a dignidade e o profissionalismo. Ganhei cinco e perdi este, mas vou para casa orgulhoso. Os rapazes deram tudo”, começou por dizer, comentando depois as lágrimas de Dybala e deixando críticas à arbitragem.

“Somos apegados à camisola e à nossa natureza. Levamos as coisas a sério, com humildade. Trabalhamos muito e damos tudo o que temos. Cada um reage de forma diferente, um chora e o outro não, mas estamos todos tristes. Vamos para casa mortos de cansaço e sentimos que é injusto. Foi um grande jogo e uma grande final. O árbitro parecia espanhol. Demos tudo. Advertiram-nos a todos. O Lamela devia ter levado o segundo cartão amarelo e ficou um penálti por marcar”, acrescentou, deixando a questão do futuro e de uma eventual saída da Roma ainda em aberto.

“Vou de férias na segunda-feira. Se até segunda-feira tiver tempo para falar com as pessoas do clube, sim, vou falar. Caso contrário, veremos mais tarde. Tenho de lutar por estes jogadores e isso também significa não dizer que vou ficar. Falei com o clube há meses e disse que se tivesse contactos com outros clubes eles seriam os primeiros a saber. Não teria feito nada em segredo. Em dezembro falei com eles sobre a Seleção Nacional, mas desde então que não tive mais nada. Neste momento, tenho mais um ano de contrato. É essa a situação”, terminou.

O Sevilha conquistou a Liga Europa pela sétima vez, sendo que a primeira foi em 2006, e engrossou o registo de recordista absoluto da competição. Numa temporada em que os espanhóis tiveram três treinadores, em que vão terminar na segunda metade da liga espanhola e em que chegaram a ocupar posições de despromoção, conseguiram voltar a triunfar a nível europeu e pela mão de José Luis Mendilibar, que conquistou o segundo título da carreira. Nos festejos, o ex-FC Porto Fernando não esqueceu os anos que passou em Portugal e celebrou não só com a bandeira brasileira mas também com a portuguesa à cintura.