Poucos dias depois de ter tomado posse, o novo Conselho de Administração do Hospital Amadora-Sintra já tem um problema importante para resolver. Onze dos cerca de 40 cirurgiões do Serviço de Cirurgia Geral ameaçam demitir-se, sendo que oito já entregaram mesmo as cartas de rescisão, com efeitos a partir de agosto, avançou o jornal Expresso e confirmou ao Observador fonte oficial da unidade hospitalar.

Este grupo de onze cirurgiões está contra a reintegração no serviço de dois especialistas que denunciaram más práticas médicas no hospital. Ao que o Observador apurou, os médicos agora demissionários recusam trabalhar com os colegas que apresentaram à administração do Amadora-Sintra 18 denúncias sobre várias cirurgias feitas no hospital.

Ministério Público instaurou inquérito sobre denúncias de más práticas na cirurgia geral do Amadora-Sintra

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Fonte oficial do Amadora-Sintra referiu ao Observador que o hospital vai encontrar uma solução para impedir a saída dos profissionais, que poderá passar por colocar os dois médicos a trabalharem de forma autónoma, sem ligação com a restante equipa. Numa resposta enviada ao Observador, o conselho de administração, que tomou posse há escassos dias, garante que está “a trabalhar ativamente num conjunto de soluções que visam ultrapassar um impasse relacional que envolve alguns cirurgiões do HFF e outros dois médicos especialistas”.

A resolução do problema está agora nas mãos do atual diretor de serviço, Paula Alves, assume o próprio conselho de administração do hospital. “O CA do HFF iniciou com os especialistas envolvidos uma atitude de diálogo e concertação diárias, tendo mandatado o Diretor de Serviço para a apresentação de propostas justas e equilibradas para a resolução do conflito latente”, sublinha a administração, agora liderada por Luís Migeuel Gouveia.

A realização de cirurgias programadas à população não está em risco no curto prazo com a posição negocial que foi assumida por alguns cirurgiões”, assegura ainda o hospital, que serve mais de 550 mil pessoas. A unidade hospitalar diz “acreditar que o elevado sentido de responsabilidade demonstrada pela Instituição e pelos seus profissionais será mantido na gestão deste diferendo”.

Este era um diferendo há muito esperado. Pouco depois de serem conhecidas as denúncias, um grupo numerosos de cirurgiões entregou um abaixo-assinado a exigir a demissão dos colegas que agora vão ser reintegrados. O caso de alegadas más práticas no Amadora-Sintra, que veio a público em janeiro, terminou com a suspensão, por 90 dias, dos médicos denunciantes, que, para provarem as denúncias feitas, acederam, de forma ilegal, a dados clínicos de doentes. Entretanto, chamada a investigar os casos, a Ordem dos Médicos concluiu não ter havido má práticas médica em nenhuma das denúncias feitas pelos dois médicos, sendo um deles o ex-diretor do serviço de Cirurgia. Apenas num caso, a investigação terá sido inconclusiva.