Depois da retumbante vitória contra a Austrália, a Nigéria defrontava a já eliminada Irlanda na última jornada da fase de grupos e sabia que o empate era suficiente para seguir para os oitavos de final — independentemente do que acontecesse entre australianas e canadianas, no outro jogo do grupo, já que tinha vantagem tanto no confronto direto como na diferença de golos.

Em Brisbane, as nigerianas apresentavam-se com Christy Ucheibe, jogador do Benfica, no onze inicial e também com Oshoala, a avançada do Barcelona que ficou no banco contra a Austrália mas entrou a tempo de marcar o golo da vitória e mostrar o porquê de ser a referência maior da equipa. Do outro lado, a Irlanda já não tinha quaisquer objetivos — e procurava apenas somar o primeiro ponto de sempre em Campeonatos do Mundo. 

Depois de uma primeira parte muito equilibrada e sem grandes oportunidades de golo, a Nigéria entrou melhor no segundo tempo e criou várias ocasiões, deixando antecipar que dificilmente a Irlanda conseguiria aguentar o ímpeto adversário. Ainda assim, e contrariamente ao expectável, as irlandesas não concederam nesses minutos cruciais e seguraram o empate até ao fim, conquistando o primeiro ponto de sempre em Campeonatos do Mundo e atingindo o objetivo de não deixar a competição a zeros.

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Algo que, claramente, era a única motivação de Katie McCabe. A capitã irlandesa é a referência e a figura maior da seleção e na semana passada, logo depois da derrota contra o Canadá que confirmou a eliminação, não escondeu a desilusão através das redes sociais. “Estou de coração partido. Mas estou incrivelmente orgulhosa daquilo que as minhas meninas fizeram hoje. Lutámos até ao fim e espero que tenhamos deixado todos muito orgulhosos em casa”, escreveu a jogadora do Arsenal.

Com o empate contra a Irlanda e a vitória da Austrália frente ao Canadá, a Nigéria garantiu o apuramento para os oitavos de final do Mundial através do segundo lugar do Grupo B, ultrapassando a fase de grupos da competição pela terceira vez na história e pela segunda edição consecutiva.

A pérola

Depois de já ter sido uma das melhores em campo, contra a Austrália, Toni Payne voltou a deixar ótimas indicações contra a Irlanda e está num momento de forma que a pode catapultar para um papel de protagonista deste Campeonato do Mundo. A jogadora de 28 anos está no Sevilha desde 2018, depois de também ter passado uma temporada o Ajax, mas só se estreou pela Nigéria em fevereiro de 2021 — até aí, por ter nascido nos Estados Unidos apesar dos pais nigerianos, representou as camadas jovens das seleções norte-americanas.

O joker

Courtney Brosnan. A guarda-redes da Irlanda fez várias defesas importantes ao longo do jogo, principalmente nos instantes iniciais da segunda parte em que a Nigéria encostou o adversário às cordas, e acabou por ser a grande responsável pelo ponto conquistado. Também nascida nos Estados Unidos, curiosamente, chegou a representar as Sub-23 norte-americanas, mas optou definitivamente pela seleção irlandesa em 2020. Está no Everton, depois de também ter representado o West Ham, e teve uma breve passagem por França ao serviço do Le Havre.

A sentença

Com este resultado e a vitória da Austrália perante o Canadá, a Nigéria está apurada para os oitavos de final através do segundo lugar do Grupo B, com cinco pontos, e vai defrontar o vencedor do Grupo D — que ainda pode ser Inglaterra, Dinamarca ou China. A Austrália terminou na liderança do grupo, com seis pontos, e vai cruzar com o segundo classificado do Grupo D — que também ainda podem ser as inglesas, as dinamarquesas ou as chinesas. O Canadá ficou na terceira posição, com quatro pontos, e a Irlanda terminou no quarto lugar, com apenas um ponto conquistado.

A mentira

A Nigéria não é só explosão e velocidade. Ao contrário do expectável, a seleção africana está a demonstrar um aumento dos níveis de qualidade técnica e tática que a colocam bem perto das equipas que são candidatas a marcar presença na final. Até porque, adicionalmente, a explosão e a velocidade estão lá na mesma.