Quando o apito final soou, quando Portugal soube que tinha acabado de empatar com os Estados Unidos e que estava fora do Campeonato do Mundo, as jogadoras portuguesas caíram no chão e choraram. Não choraram de simples emoção, não choraram por uma descarga de energia, não choraram para aparecer nas fotografias — choraram de tristeza, porque sabiam que poderiam ter vencido as bicampeãs mundiais para chegar aos oitavos de final.

Sim, o melhor delas está mesmo para chegar (a crónica do Portugal-Estados Unidos)

Essa a maior vitória da Seleção Nacional. Portugal deixa o Mundial com quatro pontos, tendo perdido com os Países Baixos, empatado com os Estados Unidos e vencido o Vietname, e registou a melhor fase final de sempre. Num grupo que tinha as bicampeãs mundiais e as vice-campeãs mundiais, a seleção portuguesa só sofreu um golo e é por agora (Marrocos pode superar o feito) a única estreante a ter conquistado quatro pontos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Portugal sai do Campeonato do Mundo com dois golos marcados e apenas um sofrido, 22 jogadoras utilizadas (só a guarda-redes Rute Costa não jogou) e três totalistas, as experientes Ana Borges, Carole Costa e Tatiana Pinto. Já depois do jogo, na zona de entrevistas rápidas, Francisco Neto mostrou-se orgulhoso da prestação portuguesa na Nova Zelândia e elogiou a exibição contra os Estados Unidos.

“Infelizmente hoje sai daqui a equipa que não merecia. Fizemos um jogo enorme, dos melhores que fizemos nos últimos anos. Fomos coletivas, não tivemos de ninguém, fizemos o que tínhamos de fazer. Fomos muito competitivos e eu, enquanto treinador, assim como todos os portugueses, só tenho de estar orgulhoso destas jogadoras”, começou por dizer o selecionador nacional.

Mais à frente, o treinador reconheceu que esta foi a melhor versão da Seleção Nacional. “Mais coletiva. As jogadoras foram brilhantes, interpretaram à risca a nossa estratégia. Tivemos as nossas oportunidades, para mim as melhores, mas não conseguimos concretizar. Vamos embora, mas vamos de cabeça erguida”, acrescentou Francisco Neto.

“Neste momento há o amargo de boca, amanhã há o orgulho. Elas só têm de estar orgulhosas com o que fizeram, são incríveis. Muitas delas têm um passado de Seleção muito grande, com muita luta. Se o objetivo era criar referências, vamos criá-las e acho que toda a gente que está envolvida no futebol feminino tem de estar orgulhosa. Elas foram tremendas e por isso só temos palavras de agradecimento para as nossas jogadoras”, explicou o treinador, que terminou com a ideia de que a equipa “mostrou o que vale” nestes três jogos.

“Para nós, enquanto equipa técnica, sim. Claro que há sempre coisas a melhorar, claro que em todos os jogos queremos mais, e queríamos mais em todos os jogos. Mas não podemos esquecer-nos de quem estava do outro lado. Como dissemos antes de vir para cá, o grande objetivo era competir. E acho que este foi um Portugal incrível durante todos os minutos do Mundial”, concluiu.

Pelo meio, Portugal fica também na história do futebol na Nova Zelândia: as 42.958 pessoas que estiveram esta terça-feira em Eden Park, em Auckland, são um recorde absoluto de assistência no país, tanto no futebol masculino como no futebol feminino. Com os resultados obtidos no Campeonato do Mundo, é expectável que a Seleção Nacional salte para o 17.º lugar do ranking da FIFA, voltando a melhorar aquela que já é a melhor posição de sempre.