Entre janeiro e junho deste ano, foram criados em Portugal mais 11.285 alojamentos locais. Trata-se de um subida significativa, de 68%, em comparação com o primeiro semestre do ano passado e suficiente para ultrapassar o máximo histórico de novos registos de alojamentos locais (AL) feitos em apenas seis meses, que era do primeiro semestre de 2018, avança o Dinheiro Vivo.

Ou seja, nunca, num único semestre, tinham sido registados tantos novos AL. Foram 11.285, contra 6.707 no período homólogo do ano passado. Segundo os dados disponíveis no Registo Nacional de Estabelecimentos de Alojamento Local, só no distrito do Porto verificou-se uma diminuição nos registos, ainda que ligeira (de cerca de 1%). Em todos os outros distritos do continente, bem como nas regiões autónomas, o número de novos AL aumentou. Em alguns casos disparou: em Santarém, verificou-se uma subida de mais de 220%, em Setúbal de 166% (mais 881 AL em apenas seis meses), enquanto Coimbra, Évora e Madeira tiveram subidas superiores a 120%.

“Não há objetivo do Governo de matar o alojamento local”, diz ministra da Habitação, recusando cedência a interesses da hotelaria

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em número absoluto, Faro liderou a subida: foram mais 4.726 AL até junho, mais 90% do que no primeiro semestre de 2022. Segue-se, a grande distância, Lisboa, com 1.317 AL (mais 17% que no mesmo período do ano passado).

A corrida às novas licenças foi uma resposta “ao ambiente de incerteza e irracionalidade” provocado pelo pacote Mais Habitação, estima o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal, Eduardo Miranda, sublinhando que “sempre que se anunciam restrições, encerramentos ou suspensões relativamente ao AL é desencadeado este ambiente de ‘”última oportunidade”‘.

Habitação: nenhuma licença de alojamento local será retirada, garante ministro

O programa Mais Habitação, apresentado pelo governo a meio do mês de fevereiro e que aguarda promulgação pelo Presidente da República, prevê a proibição de novos registos de AL até 2030, com exceção para as zonas do interior e de baixa densidade populacional. Assim, os proprietários fizeram “registos preventivos” na primeira metade do ano, acautelando a entrada em vigor da proibição. Foi o “agora ou nunca”, realça Eduardo Miranda, que garante que “não há um aumento de dormidas ou de procura turística no país que justifique estes números”.

Limite ao alojamento local, mudanças fiscais, arrendamento coercivo e a sobrevivência dos vistos gold. O que vai mudar na habitação?