O treinador do Sp. Braga, Artur Jorge, dá provas de gostar de organização. Se um carro lhe pede gasolina, não é suposto que se alimente o veículo de gasóleo. Experiência para identificar o que a equipa lhe pede já tem. A iniciar a segunda época no clube minhoto, sabe que tem em mãos um carro para fazer muitos quilómetros e que vem com todos os extras. José Fonte, Rodrigo Zalazar, Rony Lopes, Vitor Carvalho e Adrián Marín reforçaram as ambições de alguém que começa a deixar de poder andar só no asfalto para poder começar a voar.

A pré-época podia ter deixado pouco combustível no depósito, mas o Sp. Braga tem reservas para uma época inteira. Bruma não se poupou no uso dos recursos. De pé no acelerador, só travava para sentar os adversários com simulações. A largura que deu ao ataque, decaído para a esquerda, permitiram ao internacional português embalar ao encontro de uma linha defensiva do Backa Topola que não lhe conseguiu (por nada) montar uma operação STOP.

A força do Sp. Braga fazia com que os sérvios se mantivessem dentro da garagem. Nos confins do local onde estavam estacionados, encontraram um golo. Na caixa dizia “Bruma” (17′). Quando se vasculha bem nos arrumos, um achado nunca vem sozinho. Outro golo dizia “Pizzi” (19′). Demorou a que o Backa Topola percebesse o que é que aquilo queria dizer e, quando perceberam, já não se podiam ver livres do que haviam sofrido.

A questão é: por que é que o Sp. Braga deixou o tesouro tão bem guardado? Na verdade, aquela era uma relíquia perdida pelos minhotos desde 2012/13, última vez que jogaram a Liga dos Campeões. Frente ao Backa Topola, os comandados de Artur Jorge iniciavam uma campanha que esperam que termine com a terceira participação de sempre na liga milionária que para muitos, como Ricardo Horta, seria um sonho tornado realidade.

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“É muito importante para mim, mas também para o clube estar na Liga dos Campeões”, disse o jogador na antevisão a esta 3.ª pré-eliminatória diante do segundo classificado da liga sérvia da época passada. “Queremos muito passar à fase de grupos. A equipa está bem. Estamos ansiosos para que comece a competição e estamos preparados para o que aí vem. Teremos pela frente um adversário difícil, que chegou aqui com todo o mérito, mas estamos preparados”.

Aos 10 minutos de jogo, os planos televisivos fechados na cara de José Fonte já mostravam os 39 anos do central a suspirarem para que o ritmo abrandasse. No onze inicial, o Sp. Braga tinha apenas dois reforços: José Fonte, na defesa, e Vitor Carvalho, no meio-campo. A maior surpresa foi a ausência entre os titulares de Rodrigo Zalazar, proveniente do Schalke 04. Com Bruma aberto, Cristián Borja oferecia soluções de saída de jogo pela esquerda, fazendo o colombiano de terceiro central. Ricardo Horta estava definitivamente metido por dentro, nas costas de Abel Ruiz, mas Pizzi fazia de falso extremo pela direita, colocando-se também ele no corredor central numa espécie de 3x4x3 em organização ofensiva.

Todas estas mistura tornaram-se inflamáveis para o Backa Topola que, além dos golos sofridos, podia ter sido penalizado num remate à entrada da área de Al Musrati, num cabeceamento de José Fonte, num remate cruzado de Pizzi e numa tentativa acrobática de Bruma (só na primeira parte). Milos Pantovic foi o responsável pela única oportunidade da equipa que já leva duas jornadas de Liga Sérvia nas pernas.

O golo de Bruma ficou marcado pelo festejo em que o extremo encheu um balão. Começou a faltar oxigénio ao Sp. Braga com o conforto do 2-0. Oxigénio ou sangue novo. Artur Jorge lançou assim Álvaro Djaló e, mais tarde, Rodrigo Zalazar e André Horta. Foi mesmo Álvaro Djaló (88′) que deu ainda mais volume ao resultado ao chegar ao 3-0. Vai ser esta a diferença que os guerreiros vão ter que, pelo menos, segurar para seguirem em fente e, no playoff, defrontarem o vencedor da eliminatória entre o Marselha e o Panathinaikos.