Havia um sentimento de frustração, sobrava a esperança de uma quase “vingança” sem que o mal anterior pudesse ser corrigido. Aos 35 anos, Teresa Portela é uma atleta que diz estar “muito bem resolvida” com tudo aquilo que foi conseguindo ao longo da carreira mas que procura sempre um pouco mais num percurso que não sabe quando irá terminar. No entanto, e depois de no K1 500 ter conseguido a passagem à final A numa meia-final onde terminou apenas atrás da super campeã Lisa Carrington, a atleta do Benfica acabou por não repetir o brilharete em K4 500 com Francisca Laia, Joana Vasconcelos e Maria Rei e falhou a final A com o consequente apuramento olímpico que a passagem iria representar para Paris-2024.

As primeiras duas finais A a pensar nas medalhas (e nos Jogos): Kevin Santos e Teresa Portela apurados para corrida decisiva dos Mundiais

“Foi um dia muito difícil, muito aquém do que eram os nossos objetivos. Não fugimos às nossas responsabilidades mas as contas fazem-se no fim do ciclo olímpico. Tínhamos definido como uma das principais prioridades o apuramento dos K4 e não foi conseguido. Hoje foi um dia muito mau, francamente mau. Mas agora é analisar o que correu menos bem e continuar o trabalho”, admitiu o vice-presidente da Federação para o alto rendimento, Ricardo Machado, em declarações à agência Lusa, falando também da equipa do K4 500 masculino com João Ribeiro, Messias Baptista, Kevin Santos e Emanuel Silva.

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Agora, Teresa Portela enfrentava a possibilidade de virar a página dessa desilusão, podendo avançar para os Jogos de Paris-2024 através do K1 500, naquela que poderia ser a quinta participação olímpica numa linha que começou ainda em Pequim-2008. “Sinto que estou muito bem resolvida com o que fiz. É óbvio que quero ir a Paris-2024,mas tenho noção que posso não me classificar. Não o desejo para ir para a mais uns Jogos e entrar num grupo pequeno que foi a tantos, mas porque gosto de competir, treinar e superar-me. Só por isso”, destacara a atleta natural de Gemeses, que na melhor das ambições pretendia chegar a uma segunda medalha em Campeonatos do Mundo depois do bronze alcançado em K4 200 em Dartmouth-2009.

Canoísta Teresa Portela termina em sétimo lugar em K1 500 metros

Chegar à final não era propriamente uma novidade para Teresa Portela, que já chegou a duas decisões nos Jogos de 2012 e 2020 e a 12 finais em Campeonatos do Mundo com duas edições no top 5, além de ter quatro medalhas em Europeus e outras em Taças do Mundo. Agora, a oitava posição na final A do K1 500 acabou por terminar em festa: tendo em conta as vagas que já tinham sido atribuídas via K4, a portuguesa pode ficar com um dos lugares de acesso a Paris-2024, garantindo assim a quinta presença nos Jogos Olímpicos.

A neozelandesa Lisa Carrington voltou a não dar hipóteses à concorrência, ganhando a final com 1.47,769 à frente da dinamarquesa Emma Aastrand Jorgensen (1.49,102) e da húngara Tamara Csipes (1.50,699). A seguir aos lugares de pódio terminaram Milica Novakovic (Sérvia, 1.51,328), Alyce Wood (Austrália, 1.51,562), Michelle Russell (Canadá, 1.51,562), Pauline Jagsch (Alemanha, 1.52,254), Teresa Portela (1.52,436) e Melina Andersson (Suécia, 1.53,330). Apesar de não ter entrado nas seis primeiras posições, a canoísta portuguesa pode então beneficiar ainda das qualificações via K4 para festejar também o acesso a Paris, numa informação que não é oficial mas que poderá trazer mais uma alegria à canoagem nacional.