Em apenas 24 horas passou da categoria um para a cinco, a mais alta na escala de Saffir-Simpson, mas a sua força vai continuar a aumentar. Com ventos que chegam aos 250 km/h, o furacão Lee tem se formado no Atlântico Norte desde quinta-feira e pode vir a tornar-se no furacão mais forte desde que há registos.

“Os furacões são as válvulas de escape para a acumulação de energia dos oceanos através do aquecimento dos mesmos. Absorvem e concentram toda aquela energia para equilibrar a atmosfera”, explicou o climatologista Mário Marques, em declarações ao Observador.

Efeito Fujiwhara. O ex-furacão Franklin vai engolir a depressão que inundou Espanha, formar uma nova tempestade e trazer mais chuva

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na última atualização, das 5h00 desta sexta-feira, o Centro Nacional de Furacões avançou que o furacão Lee está localizado a cerca de 910 quilómetros a leste do norte das Ilhas Leeward e que, segundo as previsões, deverá passar a norte das mesmas, das ilhas Virgens e de Porto Rico durante o fim de semana e no início da próxima semana.

“Espera-se que este movimento continue até ao início da próxima semana, com uma diminuição significativa da velocidade de avanço”, pode ler-se no relatório.

Embora o seu destino exato ainda não seja certo, com os especialistas a preverem que siga para o Golfo do México ou para a costa leste dos EUA, as ondas geradas pela sua força poderão atingir a região das Caraíbas, incluindo as Ilhas Virgens Britânicas, Porto Rico e as ilhas Turcas e Caicos durante esta sexta-feira. “É provável que estas ondulações provoquem condições de surf e de correntes de arrasto que põem em risco a vida das pessoas”, acrescenta a atualização.

Estas condições deverão também ser sentidas no domingo na costa leste dos EUA. No entanto, de acordo com o Centro Nacional de Furacões, é “muito cedo para saber qual o nível de impacto” que o furacão terá nos EUA, Canadá ou Bermudas.

“Nesta altura ainda há um pouco de indefinição porque há ali uma crista anticiclónica junto à Flórida que poderá condicionar a direção e o fluxo do Lee. Bastará retrair ligeiramente para o interior, para o Golfo do México, que permite que eventualmente esse furacão passe mais junto à costa da Flórida e vá pela Virginia e Carolina do Sul, toda aquela costa leste-sudeste. E indo por esse caminho é preocupante porque há grandes cidades e grande densidade populacional”, explicou o climatologista Mário Marques.

El Niño já está a fazer subir os termómetros a nível global. Quais as consequências do fenómeno em Portugal? Algumas, mas não muitas

Se por si só o furacão Lee tem aumentado de tamanho e de velocidade, o fenómeno tem sido também intensificado pelo aumento da temperatura da água do Oceano Atlântico e pela Margot. Como é possível analisar no gráfico disponibilizado pelo Centro Nacional de Furacões, a força da tempestade tropical Margot, que se formou na quinta-feira, está a empurrar Lee, cada vez mais depressa, para oeste. Com ventos de 64 km/h, Margot deverá ficar mais forte, tornando-se num furacão durante o fim de semana. Para Mário Marques, “não há perigo nem hipótese” de os dois se juntarem e tornarem-se num só, uma vez que Margot vai seguir para norte, em direção ao arquipélago dos Açores.

Furação Lee

Desde 1970, o Atlântico teve 22 furacões na categoria cinco na escala de Saffir-Simpson. Entre 1970 e 2000, ocorreram 6 furacões que alcançaram aquela categoria, dando uma média de um a cada cinco anos. Entre 2001 a 2023, ocorreram 16, uma média de um em cada um ano e quatro meses. Os últimos oito anos registaram oito, incluindo o Lee.

Segundo o especialista em furacões e em tempestades Michael Lowry, menos de 1% dos ciclones tropicais chegam à última categoria de furacões.