Quase três meses depois do último jogo, a Seleção Nacional voltava a entrar em campo para continuar o apuramento para o Campeonato da Europa do próximo ano. Assente em quatro vitórias em quatro jornadas e com a qualificação direta muito bem encaminhada, Portugal deslocava-se a Bratislava para defrontar a Eslováquia — aquele que era o adversário teoricamente mais complexo do Grupo J.

Mas não sem alguma polémica. Naquela que foi a segunda convocatória desde que substituiu Fernando Santos no comando da Seleção Nacional, Roberto Martínez chamou João Cancelo e João Félix, dois jogadores que ainda não tinham realizado qualquer minuto esta temporada, e mereceu críticas por parte de várias vozes. Até de Rúben Amorim — que sem dizer nomes ou abordar especificamente os casos de Cancelo e Félix ou Pedro Gonçalves e Paulinho, lembrou que a Seleção não pode servir para “ajudar jogadores que estão num momento mau”.

Ficha de jogo

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Eslováquia-Portugal, 0-1

Qualificação para o Campeonato da Europa 2024

Estádio Nacional da Eslováquia, em Bratislava (Eslováquia)

Árbitro: Glenn Nyberg (Suécia)

Eslováquia: Dúbravka, Pekarík, Vavro, Skriniar, Hancko, Kucka (Bénes, 75′), Lobotka (Hrosovský, 83′), Duda, Schranz (Suslov, 64′), Polievka (Bozenik, 64′), Haraslín (Duris, 83′)

Suplentes não utilizados: Rodák, Ravas, Valjent, Tomic, Gyömber, Vernon De Marco, Bero

Treinador: Francesco Calzona

 

Portugal: Diogo Costa, Diogo Dalot, António Silva, Rúben Dias, João Cancelo (Nélson Semedo, 63′), João Palhinha, Bruno Fernandes, Rafael Leão (Pedro Neto, 63′), Vitinha (Otávio, 63′), Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo

Suplentes não utilizados: Rui Patrício, José Sá, Toti Gomes, Gonçalo Ramos, João Félix, Danilo, Gonçalo Inácio, Ricardo Horta, Diogo Jota

Treinador: Roberto Martínez

Golos: Bruno Fernandes (43′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Schranz (35′), a Duda (53′), a Cristiano Ronaldo (62′)

Esta quinta-feira, na antevisão da partida contra a Eslováquia, Roberto Martínez procurou defender-se. “Sigo 82 jogadores, trabalho com 23. Acho que é importante saber que, para realizar as nossas escolhas, temos um processo muito profissional, honesto. Há muito trabalho do treinador. O estágio em setembro, com base na minha experiência profissional, não é o estágio para ver o momento de forma, mas sim para ver o que os jogadores podem oferecer à nossa ideia de jogo. O compromisso, o talento e a paixão pela Seleção. As convocatórias não podem agradar a todos”, atirou o treinador espanhol, sublinhando que Cancelo e Félix estão num “nível perfeito para jogar”.

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Assim, em Bratislava, Roberto Martínez começava por surpreender ao largar a defesa com três elementos que tem adotado desde que chegou ao comando da Seleção e apostar numa defesa com quatro jogadores. António Silva fazia dupla com Rúben Dias na ausência do lesionado Pepe, João Cancelo era titular na esquerda, Vitinha surgia no meio-campo com Bruno Fernandes e João Palhinha e Rafael Leão fazia companhia a Ronaldo e Bernardo no ataque. Ou seja, Danilo, Otávio e João Félix eram todos suplentes. Do outro lado, o destaque ia para Bozenik, avançado do Boavista que começava no banco da equipa do italiano Francesco Calzona.

Portugal começou bem e poderia ter inaugurado o marcador logo nos primeiros segundos, com Vitinha a rematar ao lado depois de uma incursão de Diogo Dalot pela direita (1′). A Eslováquia respondeu com um pontapé de Polievka que Diogo Costa encaixou (11′), mas não foi preciso esperar muito para perceber que a Seleção Nacional teria de realizar modificações à forma como estava a tentar construir.

Os eslovacos eram muito eficazes na pressão alta ao portador da bola, encurtando os espaços portugueses e tornando praticamente impossível a construção pelo corredor central. Portugal começou por abdicar da posse de bola, optando por oferecer à iniciativa ao adversário para depois explorar a profundidade nas costas da defesa, mas acabou por ir recuperando o controlo das ocorrências — principalmente a partir do momento em que Palhinha se juntou à primeira fase do ataque, deixando a Eslováquia em inferioridade numérica no meio-campo.

Cristiano Ronaldo atirou ao lado à meia volta (16′), Bruno Fernandes rematou rasteiro para Dúbravka encaixar (17′) e o jogo entrou numa fase muito estagnada, com várias faltas e paragens e sem grandes aproximações às balizas. A partida voltou a acelerar nos últimos instantes da primeira parte, quando Haraslín acertou em cheio no poste depois de uma incursão de Pekarík na direita (42′), e Bruno Fernandes abriu o marcador à beira do intervalo com um pontapé cruzado na grande área após aguentar a carga de vários adversários (43′).

No fim da primeira parte, Portugal estava a vencer a Eslováquia pela margem mínima mas existia a ideia clara de que o jogo não estava controlado ou resolvido. A Seleção Nacional perdia muitas bolas na primeira fase de construção, principalmente no corredor esquerdo, e tinha dificuldades na hora de penetrar no último terço eslovaco. Adicionalmente, revelava uma fragilidade defensiva que ia permitindo oportunidades à equipa de Francesco Calzona.

A segunda parte arrancou a confirmar o ritmo da primeira, sem grande velocidade ou intensidade e com o jogo permanentemente discutido no meio-campo e longe das balizas. João Cancelo protagonizou o primeiro lance de destaque, com uma arrancada pelo corredor central que terminou com um remate que Dúbravka encaixou (51′), e a Eslováquia respondeu com um pontapé de Pekarík que Diogo Costa defendeu (52′) e uma jogada em que Schranz desviou ao lado na cara do guarda-redes português (56′).

Cristiano Ronaldo ficou perto do golo já depois da hora de jogo, falhando o remate na grande área na sequência de um grande passe de Bernardo (61′), e acabou por ver cartão amarelo por ter atingido Dúbravka na sequência do lance — ou seja, vai falhar a partida contra o Luxemburgo na próxima segunda-feira. Roberto Martínez mexeu logo depois, lançando Nélson Semedo, Otávio e Pedro Neto, e Portugal começou a beneficiar de uma clara fadiga do adversário para ir acumulando situações mais perigosas que escassearam ao longo da partida.

Ronaldo teve três oportunidades para aumentar a vantagem, com um remate que Dúbravka (67′), outro que saiu ao lado (70′) e um terceiro que o guarda-redes eslovaco também parou (76′), e o jogo acabou por entrar em velocidade cruzeiro no último quarto de hora. A Seleção Nacional segurou o resultado, com Roberto Martínez a não realizar mais substituições para lá das três já efetuadas, e já pouco aconteceu até ao apito final.

No fim, Portugal venceu a Eslováquia e somou a quinta vitória em cinco jornadas do apuramento para o Campeonato da Europa, deixando a qualificação direta praticamente assegurada na antecâmara da receção ao Luxemburgo. E tudo graças a um golo solitário de Bruno Fernandes, que desbloqueou um jogo lento e algo desinteressante no dia em que completou 29 anos.