A relação do Sporting com a Liga Europa tem sido algo agridoce nos últimos anos. Finalistas vencidos da extinta Taça UEFA em 2005, os leões têm tido uma presença mais regular na segunda competição europeia do que na Liga dos Campeões, devido aos resultados no Campeonato, e a aposta num eventual sucesso europeu tem sido sinónimo de temporadas internas algo vazias de objetivos a meio do ano. Ainda que todas as épocas arranquem com a Liga Europa com uma importância relativa face à prioridade máxima da Liga.

E esta temporada não era exceção. Na liderança do Campeonato em igualdade pontual com o Boavista e o FC Porto e com o objetivo claro de ser novamente campeão nacional e disputar a conquista da Taça de Portugal e da Taça da Liga, o Sporting estreava-se na Liga Europa com a noção clara de que a competição europeia não é algo prioritário. Ainda assim, a ultrapassagem da fase de grupos é praticamente obrigatória. E parte disso começava esta quinta-feira, na Áustria, contra o Sturm Graz.

Ficha de jogo

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Sturm Graz-Sporting, 1-2

Fase de grupos da Liga Europa

Merkur Arena, em Graz (Áustria)

Árbitro: Nikola Dabanović (Montenegro)

Sturm Graz: Kjell Scherpen, Jusuf Gazibegović (Max Johnston, 88′), David Affengruber, Gregory Wüthrich, Amadou Dante, Stefan Hierländer (Mohammed Gadafi Fuseini, 88′), Jon Gorenc Stanković, Alexander Prass, Otar Kiteishvili (Tomi Horvat, 69′), William Böving (Bryan Teixeira, 88′), Manprit Sarkaria (Szymon Wlodarczyk, 63′)

Suplentes não utilizados: Luka Marić, Henry Timothy Obi, Samuel Stückler, Dimitri Lavalée, David Schnegg, Mohammed Gadafi Fuseini, Niklas Geyrhofe, Leon Grgic

Treinador: Christian Ilzer

Sporting: Adán, Diomande, Coates, Gonçalo Inácio, Geny Catamo (Iván Fresneda, 78′), Hjulmand (Marcus Edwards, 78′), Daniel Bragança (Morita, 78′), Matheus Reis (Nuno Santos, 63′), Trincão (Pedro Gonçalves, 63′), Gyökeres, Paulinho

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Diego Callai, Luís Neto, Dário Essugo, Ricardo Esgaio, Eduardo Quaresma, Rodrigo Ribeiro

Treinador: Rúben Amorim

Golos: William Böving (58′), Gyökeres (76′), Coates (84′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Jusuf Gazibegović (45′), a David Affengruber (90′), a Paulinho (90+4′)

“Na Liga dos Campeões olham para o Sporting como um outsider, na Liga Europa olham de outra forma. Para nós é igual. Qualquer favoritismo ou o que não seja uma vitória é mau resultado, na Liga dos Campeões é diferente, sobretudo quando se joga fora. Tem a ver com a perceção das pessoas. Muita gente acha que um empate é um grande resultado na Liga dos Campeões. Eu não vejo grande diferença, não encaro de forma diferente… Acho é que as competições são vistas de forma diferente. Há adversários desconhecidos, como o de amanhã, mas têm muita qualidade. É difícil não levarem o jogo para onde querem, para um jogo muito rápido”, explicou Rúben Amorim na antevisão da partida, garantido desde logo que iria realizar algumas alterações ao habitual onze inicial.

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Neste contexto, na cidade austríaca de Graz, o treinador leonino lançava Daniel Bragança e Trincão no onze inicial, deixando Morita e Pedro Gonçalves no banco, e mudava os donos das laterais ao trocar Ricardo Esgaio e Nuno Santos por Geny Catamo e Matheus Reis. Adicionalmente, Rúben Amorim recuperava a titularidade de Paulinho, que tinha sido suplente contra o Moreirense, e voltava a retirar Marcus Edwards do onze. Do outro lado, num Sturm Graz que está no segundo lugar da liga austríaca a dois pontos da liderança do RB Salzburgo, o destaque ia para a ausência de Javier Serrano, médio espanhol emprestado pelo Atl. Madrid que engoliu uma abelha durante um treino.

Numa primeira parte muito parada e com escassos pontos de interesse, o Sporting foi a primeira equipa a aproximar-se da baliza contrária com Coates a cabecear ao lado na sequência de um livre cobrado por Daniel Bragança na esquerda (3′). O Sturm Graz respondeu quase de imediato, com Kiteishvili a forçar Adán à primeira intervenção no jogo ao cabecear ao segundo poste após um canto (5′), mas os cinco minutos iniciais foram um oásis num autêntico deserto de ideias até ao intervalo.

O jogo era muito discutido na zona do meio-campo e não existiam espaços interiores, com o Sporting a tentar explorar os corredores e a profundidade para procurar ao último terço adversário. O Sturm Graz defendia em bloco e não permitia praticamente nada a Trincão, Paulinho ou Gyökeres, que foram muito castigados com faltas e iam ficando demasiado sozinhos a travar duelos atrás de duelos no setor ofensivo. No meio-campo, Daniel Bragança destacava-se como o melhor elemento dos leões e apresentava uma clarividência que escasseava no encontro, procurando sempre ligar o jogo da equipa de Rúben Amorim.

Trincão tentou a meia distância mas o remate saiu ao lado (16′), Hjulmand cobrou um livre perigoso muito puxado à pequena área mas ninguém apareceu para desviar (32′) e Paulinho cabeceou por cima na sequência de um cruzamento de Matheus Reis (41′), com o Sporting a terminar a primeira parte sem qualquer pontapé enquadrado com a baliza. Do outro lado, Böving ainda teve um remate rasteiro de muito longe que passou ao lado (37′), sendo que as investidas do Sturm Graz eram normalmente orquestradas pelo talento do georgiano Kiteishvili.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Sporting regressou claramente melhor, com as linhas mais subidas e os laterais bem mais projetados nos corredores. Geny Catamo teve desde logo uma boa oportunidade para marcar, ao atirar por cima na sequência de um grande lance individual (46′), e Trincão obrigou Schlager à primeira defesa da noite com um cabeceamento após cruzamento do mesmo Catamo (47′).

Antes da hora de jogo, porém, os leões foram traídos pela eficácia austríaca. O Sturm Graz lançou um contra-ataque muito veloz, Kiteishvili rematou ao poste de fora de área e Böving, na recarga e sem qualquer oposição, abriu o marcador (58′). Rúben Amorim respondeu à desvantagem com uma dupla substituição, trocando Matheus Reis e Trincão por Nuno Santos e Pedro Gonçalves, e o Sporting ficou muito perto de empatar por intermédio de Paulinho e Gonçalo Inácio, que no mesmo lance permitiram uma dupla defesa impressionante de Scherpen (66′).

Mesmo sem conseguir impor uma verdadeira superioridade, os leões acabaram por chegar ao empate já dentro do último quarto de hora. Diomande descobriu Pote na área e o avançado português tirou um adversário da frente com um toque de calcanhar antes de rematar à baliza; Scherpen defendeu para a frente, Affengruber teve uma péssima abordagem ao lance e Gyökeres apareceu para fazer golo (78′). Amorim reagiu ao empate com uma tripla alteração, lançando Morita, Edwards e Fresneda, e o golo da vitória surgiu mesmo na ponta final.

Diomande surgiu à entrada da grande área a aproveitar um ressalto, tirou um adversário da frente com um bom pormenor e atirou rasteiro para carimbar a reviravolta (84′) — com o golo a ser atribuído a Coates, por ter sido o último a tocar na bola. O Sporting venceu o Sturm Graz na Áustria e entrou a ganhar na Liga Europa, ocupando agora a liderança do Grupo D em conjunto com a Atalanta, que também derrotou o Raków Częstochowa.