Sodade, a série sobre Cesária Évora, voltou à estaca zero. “Estamos agora a fazer o recast do elenco todo”, confirmou ao Observador Hugo Diogo, da produtora Lanterna de Pedra Filmes. Em dezembro, a realizadora Diana Antunes desvinculou-se do projeto sobre a lendária cantora cabo-verdiana que morreu em 2011.

Ao Observador, Diana Antunes adianta que esteve um ano envolvida na série e confirma a saída do projeto alegando divergências com a produção. Soraia Tavares, a atriz que interpretaria a “diva dos pés descalços”, também interrompeu o processo de preparação da personagem, como explica em entrevista ao Observador, publicada esta quinta-feira.

O produtor Hugo Diogo garante que a série não foi cancelada. “Tive várias dificuldades em encontrar alguém para realizar. [A última realizadora] também não foi eficaz, não conseguiu levar o processo à fase de rodagem”, afirma o responsável pelo projeto. “Tivemos [Lanterna de Pedra Filmes] que avançar para outros filmes e não conseguimos executar esse no tempo previsto”, mas “fizemos uma prorrogação dos diretos com a família [da cantora] e vamos retomar muito brevemente.” “Gostava de filmar ainda este ano”, acrescenta.

Em busca de novo elenco, admite que gostava que Igor Regalla “fizesse parte”. Sobre quem vestirá a pele da cantora cabo-verdiana revela: “Já tenho algumas ideias, temos falado com algumas pessoas.”

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Hugo Diogo, autor de filmes como Marginais (2010), Ladrões de Tuta e Meia (2019) ou Um Filme do Caraças (2023), será, pelo menos, um dos realizadores (“definitivamente vou assumir uma cadeira”). “Como têm corrido mal estes convites para assumir a realização se calhar faço a série inteira”, justifica ao Observador.

“Estou a conseguir ver as minhas conquistas”: a revelação de Soraia Tavares

As primeiras notícias sobre a “série de ficção musical, inspirada na vida e percurso artístico da cantora cabo-verdiana” surgiram em 2021. Na época, a produtora Lanterna de Pedra Filmes apresentava assim Sodade, que seria filmada entre o Mindelo, em Cabo Verde, Lisboa e Paris e retrataria toda a vida de Cesária Évora ao longo de oito episódios. A rodagem estava apontada para o primeiro trimestre de 2022. Hugo Diogo assinava a realização a meias com o franco-senegalês Alain Gomis e o argumento com André Mateus. A figura de Cesária Évora seria interpretada pela atriz cabo-verdiana Eliana Rosa. À agência Lusa, Hugo Diogo dizia que a série tinha um orçamento de 2,4 milhões de euros e co-produção argentina. Dizia também que o projeto havia sido proposto à RTP e que aguardava resposta para exibição no canal público. Hoje, ao Observador, o produtor esclarece: “A RTP foi muito clara desde o início. A RTP disse que não tinha interesse nenhum no projeto [de produção] da Cesária”.

Um ano depois, em junho de 2022, fonte da produtora Lanterna de Pedra Filmes avançava à Lusa alterações profundas ao projeto. A série teria, afinal, cinco episódios. A protagonista deixaria de ser Eliana Rosa, que seria substituída pela atriz portuguesa Soraia Tavares. O elenco também ganhava outros nomes: os atores Igor Regalla, Flávio Hamilton e Sérgio Praia. A realização da série deixava de estar apenas nas mãos de Hugo Diogo e Alain Gomis e seria entregue a Diana Antunes — já antes o produtor português havia dito ao jornal Público que queria “contratar uma realizadora que possa dar uma toada emocional e uma visão um bocadinho mais feminista”.