O PS acusou esta sexta-feira, 6 de outubro, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, de ter feito declarações lamentáveis, populistas e insultuosas contra os deputados socialistas, e de seguir uma estratégia de confrontação em prejuízo dos professores e dos alunos.

Estas críticas foram feitas à agência Lusa por Porfírio Silva, membro do Secretariado Nacional do PS, depois de esta manhã, em Coimbra, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) ter afirmado que os deputados socialistas, que são docentes e votaram “contra os seus colegas”, na passada quarta-feira, no parlamento, deviam “ter vergonha na cara”.

Deputados do PS que são professores “deviam ter vergonha na cara”

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“É lamentável que alguns colegas nossos, que são deputados do PS, tenham conseguido votar contra os seus colegas, esquecendo-se que se estivessem nas escolas era o salário dos colegas que eles tinham. Pensarem que desta forma, absolutamente vergonhosa, vão conseguir continuar a ser alimentados por um aparelho que os mantém como deputados, deviam ter vergonha na cara esses professores que são deputados desse partido”, declarou em Coimbra.

Porfírio Silva, vice-presidente do Grupo Parlamentar socialista, considerou que Mário Nogueira usou um tipo de discurso próprio dos populistas, “onde os interesses dos profissionais da educação são preteridos para dar passo à estratégia sistemática de ataque ao PS”.

“As diferenças políticas não justificam o ataque às pessoas dos responsáveis políticos e, portanto, as declarações do secretário-geral da Fenprof são, a todos os títulos, lamentáveis. Os deputados do PS não são deputados de uma classe profissional contra outras classes profissionais”, salientou.

Neste contexto, o dirigente socialista citou a Constituição da República para assinalar que os deputados “representam todo o país — e, de cada vez que votam na Assembleia da República, votam no entendimento que fazem do interesse do conjunto dos portugueses”. “Quem entende a democracia representativa, entende estes princípios fundamentais”, observou.

Na perspetiva de Porfírio Silva, “contrariamente ao que diz, insultuosamente, o secretário-geral da Fenprof, os deputados do PS não são alimentados pelo aparelho” partidário. “São eleitos pelo povo e ao povo prestam contas”, contrapôs.

Em relação à orientação de voto seguida pela bancada socialista na passada quarta-feira, perante um conjunto de iniciativas legislativas apresentadas por forças da oposição em matéria de recuperação do tempo de serviço dos professores, Porfírio Silva defendeu que essa orientação está de acordo com o programa eleitoral com que o PS se tem apresentado aos eleitores “e que tem permitido avanços relevantes na carreira docente”.

“Os candidatos do PS já se apresentaram ao eleitorado, em duas eleições legislativas sucessivas, assumindo o seu voto nesta matéria, com a mesma orientação do voto desta semana. Pela coerência do seu voto ao longo dos anos, não têm de ter vergonha da sua posição”, afirmou.

Porfírio Silva sugeriu depois que seria preferível que Mário Nogueira “trabalhasse para encontrar soluções para a escola pública, em vez de insistir numa estratégia de confrontação que prejudica os interesses dos próprios docentes, bem como os interesses dos alunos”.

“Para isso seria útil, desde logo, que as diferenças políticas não fossem transformadas em lamentáveis ataques pessoais”, acrescentou.