“O Sporting vai vencer tranquilamente. No mínimo, por dois golos de diferença! Vai ser um jogo tranquilo e vamos ficar em primeiro lugar isolados mas o importante é chegar ao fim em primeiro”. Confiança parecia não faltar a Sousa Cintra, antigo presidente do Sporting na década de 90 e, mais tarde, da SAD na Comissão de Gestão em 2018, contactado pelo jornal A Bola. No entanto, os números contavam outra história: em 64 encontros no Bessa, os leões tinham ganho apenas 16 contra 26 triunfos dos axadrezados, sendo que a vitória dos verde e brancos em 1990/91, durante o reinado do empresário, “matou um borrego” de 30 anos. Ainda assim, e apesar das dificuldades à entrada do último quarto de hora, o conjunto de Rúben Amorim conseguiu fintar essa desvantagem histórica com os boavisteiros – e ainda chegou aos tais dois golos de diferença.

Azar era não haver o Geny de Pote numa lâmpada (a crónica do Boavista-Sporting)

Depois do empate na Polónia com o Raków para a Liga Europa, o Sporting chegou à quinta vitória seguida, chegando aos 25 pontos em 27 possíveis em nove jornadas do Campeonato com oito triunfos e apenas um empate na deslocação a Braga. Com isso, os leões, única equipa ainda sem derrotas na prova (o Benfica caiu no Bessa logo na ronda inicial, o FC Porto perdeu o clássico na Luz com os encarnados), conseguiram dois pontos que funcionam como recorde desde que a vitória passou a valer três pontos em 1995/96: por um lado, alcançou a melhor pontuação desde 1994/95 nesta fase da Liga; por outro, tem a maior diferença para os adversários mais diretos entre os três anos em que liderava à nona jornada nas últimas três décadas.

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Com isso, e em paralelo com o primeiro golo de Geny Catamo no Campeonato e a terceira jornada seguida a marcar como visitante de Pedro Gonçalves, o Sporting aumentou a atual série sem derrotas no Campeonato para 23 encontros, incluindo a parte final da última Liga de 2022/23. Também por isso, no final, Rúben Amorim destacou a importância e justiça do sucesso dos verde e brancos sem esquecer também o contexto diferente daquele que os leões enfrentaram quando perderam no Bessa na época passada.

“Fomos maduros, o bom é que eu olho para a equipa e para a forma como gerimos os tempos e vejo que ainda podemos ser melhores. Criámos os espaços mas, nas poucas vezes em que eles chegaram com perigo, concedemos um golo que estava em fora de jogo. Foi um jogo num relvado difícil, que dificultava a receção da bola aos jogadores das duas equipas, mas foi uma vitória justa da melhor equipa e que para mim mereceu ganhar”, comentou o treinador leonino na zona de entrevistas rápidas da SportTV, explicando que a aposta inicial em Geny Catamo e Matheus Reis foi também justificada pelas características do Boavista.

“Crescimento em relação à última época? Há um pouco de crescimento mas isso também tem a ver com o contexto e o contexto com que viemos no ano passado, em que tivemos uma derrota e ficámos a cinco pontos [da liderança]. Estamos a jogar melhor, os jogadores estão a entender melhor o que pretendemos. Devíamos ter feito o segundo golo logo na jogada do Marcus [Edwards]. Somos uma equipa mais segura de si mas também é fruto do contexto. Pontos ganhos aos rivais? Obviamente que queremos sempre estar em primeiro e ganhar pontos, principalmente quando os nossos principais rivais perdem, mas não devemos dar muita importância a isso. A verdade é que estamos maduros, mesmo sabendo que devíamos ter evitado o golo que estava fora de jogo”, acrescentou Rúben Amorim, apontando já baterias para a Taça da Liga e a receção ao Farense na quinta-feira que antecede o regresso ao Campeonato frente ao Estrela da Amadora.

Mais tarde, na conferência de imprensa, o técnico explicou também a substituição de Coates na segunda parte para a aposta em St. Juste. “Se foi lançado num jogo importante e difícil como este já está apto para isso. É uma adaptação difícil, vamos gerindo dia a dia. Jogou uns minutos. Vamos vendo, a velocidade e as caraterísticas dele são muito necessárias. É tentar mantê-lo saudável porque nos vai ajudar muito. O Seba teve de sair porque estava com uma queixa numa perna e temos de rodar. Condição física? Vamos ter de gerir dia a dia. O objetivo também passa pelas taças. Não vale a pena poupar quando não estão em desgaste. Basta uma lesão num sector que estraga logo o planeamento mas temos um plantel que dá segurança. Há outros da formação que podem ter espaço na posição do Geny, não vou dizer quem porque vai ter de trabalhar muito. Continuamos a ser um clube formador e temos de os envolver nestas aberturas. Já estou a pensar na quinta-feira e até janeiro muito vai acontecer”, destacou o técnico leonino.