O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), disse que questionou esta quinta-feira a administração do hospital da cidade sobre os atuais constrangimentos no funcionamento do Serviço de Urgência Pediátrica por temer que se agravem.

“Uma coisa é termos um problema pontual, outra é termos uma situação que se vai repetir no futuro. A nossa preocupação e perspetiva é que se possa repetir no futuro e isso é absolutamente inaceitável“, afirmou à agência Lusa o autarca alentejano.

Pinto de Sá disse que a administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) admitiu que as limitações no Serviço de Urgência Pediátrica, provocadas pela reduzida equipa médica, podem “voltar a ocorrer”.

“Transmiti à administração do HESE que seria importante mantermos o contacto no sentido de percebermos outros constrangimentos que, certamente, irão acontecer noutros serviços e que queremos acompanhar”, o que foi aceite, adiantou.

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A Urgência Pediátrica está a funcionar com uma equipa reduzida durante o período da noite e madrugada, até sexta-feira, pelo que apenas “serão assistidos os doentes que sejam referenciados pelo CODU/INEM, pela Linha de Saúde 24 ou por outros médicos”.

Segundo o hospital de Évora, a redução da equipa que vai estar de serviço na Urgência Pediátrica “decorre de declarações de indisponibilidade para realização de trabalho extraordinário apresentadas pelos médicos”.

Nas declarações à Lusa, o presidente do município considerou que a Urgência Pediátrica tem sido “um serviço de referência do HESE”, tem prestado “uma resposta muito positiva” e é “absolutamente essencial, não apenas para Évora, mas para toda a região”.

Mas “temos vindo a verificar, com alguma preocupação, que tem havido alguma diminuição de profissionais e isso naturalmente preocupa-nos”, assinalou, receando que as atuais limitações neste serviço possam agravar-se.

Nesse sentido, o autarca apelou ao Governo do PS para que “rapidamente invista no Serviço Nacional de Saúde (SNS), chegue a um acordo com os profissionais de saúde e valorize as carreiras profissionais para garantir que a situação não se vai agravar”.

“Não podem ser apenas pensos rápidos. Têm que ser soluções duradouras e isso passa pela valorização dos profissionais de saúde”, realçou.

Admitindo que as urgências “têm maior visibilidade” quando enfrentam dificuldades de funcionamento, Pinto de Sá alertou que “há um conjunto de outros serviços” no HESE para os quais também “é necessário encontrar soluções duradouras”.

“A preocupação maior é garantir mais profissionais de saúde e melhor remunerados para que o SNS possa naturalmente dar as respostas necessárias”, acrescentou.

Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações em completarem as escalas de médicos.

Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.

Esta crise já levou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.

As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.