Coube a Andrew McAfee, investigador principal do instituto norte-americano MIT, inaugurar a sessão de conversas no primeiro dia de programação à séria na Web Summit. Com a inteligência artificial (IA) na ordem do dia (e de praticamente toda a cimeira tecnológica), a sessão centrou-se na pergunta que anda na cabeça de muita gente: como é que se regula a IA?

Logo no início, McAfee fez questão de explicar que vinha à Web Summit falar a título individual e não em representação das organizações com quem trabalha.

Na sua visão, existem duas grandes formas de olhar para o tema — a permissionless innovation, uma inovação que não pede permissões, em tradução livre, e a upstream governance, uma espécie de regulação a montante.

“De alguma forma, as duas filosofias parecem incompatíveis”, explicou McAfee, que é mais adepto da primeira vertente. Mas fez questão de frisar que defender a perspetiva da inovação que não pede permissões “não significa que não se é regulado”.

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O especialista considerou que talvez esteja a existir um foco excessivo na área da IA, lembrando que existem várias áreas onde não é necessário pedir licença para inovar. “No instituto onde trabalho não vão só admitir pessoas que digam que só vão usar o que aprendem para o bem”, exemplificou. Deu como exemplo a área da biologia, mais especificamente o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19.

“Normalmente uma vacina demora dez anos a ter aprovação”, mas a vacina contra o coronavírus foi mais rápida.” Nos ecrãs, surgiam imagens de  Katalin Karikó, responsável pela investigação da vacina de MRNA, que recebeu no mês passado o prémio Nobel da Medicina. A vacina só chegou com a rapidez conhecida devido à investigação da especialista, que “trabalhou durante anos à margem”.

Nobel da Medicina para descoberta que levou à vacina contra a Covid-19

Do lado da governança a montante, McAfee usou o AI Act, o quadro regulatório que a União Europeia quer aplicar à inteligência artificial, como exemplo. Mas isso pode acarretar riscos, já que essa filosofia “vai gerar mais restrições”, o que pode limitar a inovação.  “Tornem fácil a forma de corrigir os erros”, pediu McAfee, em oposição a legislação que limita o desenvolvimento.

No fim, deixou uma mensagem, dirigida aos colegas que estão divididos entre estas filosofias. “Pensam que temos uma escolha entre microgestão e turbulência. Se escolhermos a microgestão, vamos continuar a ter turbulência.”

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