“O Meu Nome é Alfred Hitchcock”

O filão dos estudos e análises da obra de Alfred Hitchcock está explorado até ao osso em livros, teses, artigos e documentários, mas o documentarista Mark Cousins teve uma ideia original para o continuar a minerar em O Meu Nome é Alfred Hitchcock: pôr o realizador a narrá-lo, com a voz do imitador e comediante Alistair McGowan. E este fá-lo de maneira brilhante, do tom aos tiques vocais, como se fosse mesmo o próprio a comentar e explicar, do Além, a sua vida e sobretudo a sua obra. A qual o realizador, com o auxílio de muitas imagens de filmes do autor de Janela Indiscreta, incluindo os mais antigos e menos vistos, declina em seis grandes temas – Fuga, Desejo, Solidão, Tempo, Realização e Altura. É uma brincadeira bem concretizada, um “fake” arriscado mas conseguido, usado por Cousins para veicular a sua perspetiva entusiasmada, curiosa e pertinente, do cinema de Hitchcock.

“O Pub The Old Oak”

Quase com 90 anos, Ken Loach abandona o cinema com esta fita em que reitera os seus valores de homem da esquerda radical que cristalizou ideologicamente nos anos 70, e uma mensagem — embora muito óbvia, insistentemente sublinhada e de um idealismo irrealista — de esperança e confiança na solidariedade e na união das pessoas e comunidades locais. O “pub” do título é o último ainda aberto numa localidade do Norte de Inglaterra onde chegou a especulação imobiliária, bem como muitos refugiados sírios que não são bem recebidos pela população, já de si inquieta e indignada com o que está a acontecer às casas. O dono do estabelecimento, TJ Ballantyne, juntamente com uma jovem refugiada apaixonada por fotografia, decide abrir uma sala devoluta para servir refeições a todos os necessitados, o que não cai bem entre os seus conterrâneos e clientes.

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“The Hunger Games: A Balada dos Pássaros e das Serpentes”

A série de filmes de ficção científica distópica Os Jogos da Fome é reativada com este novo filme, realizado por Francis Lawrence (autor de três dos quatro títulos daquela), uma prequela, cuja ação decorre seis décadas antes dos acontecimentos do original. The Hunger Games: A Balada dos Pássaros e das Serpentes segue o jovem Coriolanus Snow no percurso que o levaria a tornar-se no tirânico líder de Panem, incluindo a sua relação com Lucy Gray Baird, de que se tornaria o mentor no ano dos décimos Jogos da Fome, e à qual se juntaria numa corrida contra o tempo e pela salvação. Snow é a última esperança da sua linhagem, uma outrora orgulhosa família que caiu em desgraça no Capitólio durante os anos do pós-guerra. Interpretações de Rachel Zegler, Tom Blyth, Peter Dinklage e Viola Davis.

“O Mestre Jardineiro”

O protagonista deste filme de Paul Schrader, que forma uma trilogia com No Coração da Escuridão (2017) e  The Card Counter: O Jogador (2021), é  Narvel Roth (Joel Edgerton), um respeitado, rigorosíssimo e dedicado horticultor, que trabalha nos magníficos jardins de uma rica e autoritária herdeira, Norma Haverhill (Sigourney Weaver), que estabeleceu uma fundação baseada neles e que, além dos serviços profissionais, também extrai serviços sexuais do seu empregado, aproveitando-se de algo que só ela sabe sobre o seu passado. Um dia, Norma pede a Narvel que seja o mentor da sua sobrinha-neta Maya (Quintessa Swindell), uma jovem mestiça, filha de um casamento desastroso, que anda metida com más companhias e com drogas. O Mestre Jardineiro foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.