O destino tem coisas curiosas e num torneio como o ATP Finals, que arranca com uma fase de grupos, pode muitas vezes tornar-se em estratégia. Ao longo da semana, a jogar em casa e depois de vencer Stefanos Tsitsipas e Novak Djokovic nas duas primeiras partidas, Jannik Sinner até podia perder com Holger Rune e apurar-se na mesma para as meias-finais enquanto eliminava matematicamente o sérvio. Ganhou, fez o pleno e Djokovic seguiu para as eliminatórias — cruzando caminho com Sinner na final e abrindo a porta a um arrependimento inevitável no italiano.

Puxando a fita do tempo atrás, Sinner começou muito bem o ATP Finals e somou três vitórias na fase de grupos. Djokovic começou aos tropeções, perdendo com o jovem italiano e sendo forçado a um terceiro set para ultrapassar Rune e Hurkacz. Este sábado, Sinner eliminou Medvedev no melhor jogo do torneio, com três sets muito disputados em que o russo não conseguiu superar o bom momento de forma do adversário, e Djokovic anulou Carlos Alcaraz em dois sets rápidos onde deixou claro que tinha ativado o business mode para o fim de semana em Turim.

“Foi um dos meus melhores jogos do ano. Ainda por cima nestas circunstâncias, a jogar contra o maior rival que tive este ano, o Carlos. Tivemos jogos épicos. Na verdade, todos os outros três jogos que tivemos este ano foram autênticas maratonas. Acho que todos pensavam, incluindo nós próprios, que teríamos uma noite longa, uma grande luta, uma partida comprida. Consegui estar a um bom nível. Acho que joguei um grande ténis, a alto nível, coloquei muita pressão no serviço dele e obriguei-o a correr. Servi muito bem quando foi preciso”, atirou o atual líder do ranking ATP depois de eliminar Alcaraz com um esforço muito inferior ao expectável.

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Do outro lado, porém, estava um Jannik Sinner a jogar em casa, muito apoiado pelas bancadas do Pala Alpitour e com vontade de chegar ao primeiro grande título da carreira aos 22 anos e depois de em julho ter ido até às meias-finais de Wimbledon. Djokovic começou a final deste domingo a prolongar o ritmo que tinha implementado contra Carlos Alcaraz, a servir de forma praticamente perfeita e a nem precisar propriamente de transpirar para obrigar o adversário a cometer erros ou aproveitar erros não forçados.

O tenista sérvio alcançou dois breaks no primeiro set, que venceu sem grandes dúvidas (6-3), e ia gelando um pavilhão que pretendia a vitória de Jannik Sinner. Djokovic manteve a superioridade no segundo set, quebrando o serviço do adversário logo no primeiro jogo com um 40-0, mas o italiano ia demonstrando uma perseverança inédita na final e conseguiu vencer dois jogos em três para implementar a competitividade possível.

Sinner teve dois pontos de break a dada altura, um momento que poderia ter relançado por completo a final, mas Djokovic respondeu com quatro pontos consecutivos que lhe garantiram o quarto jogo e a reconquista do controlo da maré. O italiano ainda deu prova de vida ao vencer um longo jogo de serviço, ameaçando depois o break que poderia empatar o set, mas repetidos erros não forçados (incluindo uma derradeira dupla falta) mantiveram a superioridade do sérvio e garantiram-lhe a vitória (6-3).

Novak Djokovic conquistou o ATP Finals pela sétima vez, a segunda de forma consecutiva, depois de ganhar Open da Austrália, Roland Garros e US Open e perder para Carlos Alcaraz na final de Wimbledon — mas ainda não vai de férias, seguindo para Málaga para disputar as finais da Taça Davis. Aos 36 anos, o tenista sérvio mantém-se ao mais alto nível e prepara-se para um 2024 onde irá voltar a competir pelos quatro Grand Slam e tem ainda uma motivação extra: a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos, algo que nunca alcançou.