Cerca de uma centena de professores concentraram-se em frente à Assembleia da República, exigindo pelo menos 6% do PIB para a área da Educação no próximo Orçamento do Estado, que é votado, esta quarta-feira, no parlamento.

O protesto foi convocado pelo Sindicato de Tod@s @s Profissionais de Educação (Stop), que realiza, esta quarta-feira, o último dia de uma greve que começou há duas semanas nas escolas para exigir mais investimento na Educação.

“Queremos pelo menos 6% do PIB no Orçamento do Estado”, grita ao microfone o professor João Rodrigues.

“A lutar também estamos a educar” e “Só não há dinheiro para quem trabalha” são algumas das mensagens das faixas que os professores carregam desde as 10h00, hora a que começou o protesto.

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Em declarações à Lusa, o líder do Stop, André Pestana, fez um “balanço positivo” da adesão à greve, lembrando que na primeira semana houve “uma certa desmobilização fruto da suposta demissão do Governo”, mas depois “houve um crescendo muito significativo e hoje há notícias de escolas fechadas”.

Num ano com crescimento económico e aumento de receitas fiscais de mais de dois mil milhões de euros é uma oportunidade perdida não investir na escola pública”, lamentou André Pestana, alertando que, sem dinheiro, continuará a haver “milhares de alunos sem professores” e “alunos com necessidades educativas especiais sem apoios, terapeutas, psicólogos”.

Para o Stop, o próximo OE deveria contemplar um reforço de verbas para a Educação que representasse, pelo menos, 6% do PIB, sendo que essas verbas têm de ser investidas “a sério em recursos humanos” e não apenas em edifícios e equipamentos.

Podemos ter uma escola topo de gama com alta tecnologia, mas não funciona se depois os recursos humanos não são valorizados e estão exaustos. É inadmissível que um assistente operacional com 10, 20 ou 30 anos de serviço esteja a receber 700 e poucos euros”, criticou André Pestana.

O líder do Stop classificou também de “inaceitável ter professores com disparidades enormes” quando se comparam os que trabalham no continente e os que dão aulas nos arquipélagos, a quem foi reconhecido o direito a ver contabilizado o tempo de serviço congelado durante a Troika (seis anos, seis meses e 23 dias).

Queremos que os estudantes tenham uma escola pública de excelência, independentemente de serem filhos de ricos ou pobres”, concluiu.

Lembrou que a greve nacional termina esta quarta-feira, mas fica em aberto a possibilidade de paralisações locais até ao dia das eleições caso surjam problemas localizados em “escolas, agrupamentos ou concelhos”.

Explicando que nos próximos meses o sindicato irá reunir-se com os partidos políticos para conhecer os diferentes programas eleitorais, André Pestana deixou o alerta: “Venha quem vier no Governo de 10 de março, se não for investido na Educação e valorizado quem trabalha nas escolas nós iremos continuar a lutar”.