A National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), a entidade norte-americana que regula tudo o que respeita à segurança relacionada com veículos nos EUA, determinou que o Autopilot da Tesla pode induzir em alguns condutores uma falsa sensação de segurança, podendo ainda ser utilizado em situações em que não consegue garantir a capacidade de evitar acidentes. Daí que tenha exigido à Tesla a introdução de alterações no software, para evitar abusos por parte dos condutores, em todos os cerca de 2 milhões de modelos da marca que circulam actualmente nos EUA.
Esta decisão da NHTSA acontece após uma investigação levada a cabo durante dois anos, período em que analisou os motivos que levaram à ocorrência de aproximadamente 1000 acidentes em que intervieram modelos da Tesla com o Autopilot ligado. E, de acordo uma investigação do Washington Post, em oito desses casos o Autopilot nem deveria ter sido ligado. De recordar que são frequentes os vídeos em que condutores são apanhados a dormir ao volante dos seus Tesla, a ler ou ver filmes, não prestando atenção à estrada, existindo casos em que chegam mesmo a deitar-se no banco traseiro para maior comodidade, enquanto confiam a condução ao Autopilot. Acontece que este é um sistema de ajuda de Nível 2 da Condução Autónoma, que atribui ao condutor a responsabilidade de estar sempre atento e pronto a intervir.
Este tipo de abusos é específico dos EUA, uma vez que o software do Autopilot integrado nos veículos comercializados no mercado europeu, Portugal incluído, não é tão permissivo, obrigando a que o condutor tenha que regularmente ter pelo menos uma mão no volante e aplicar algum tipo de pressão sobre a direcção. Esta exigência da Tesla para os modelos transaccionados entre nós é similar às cumpridas pelos restantes veículos à venda no Velho Continente, uma vez que a legislação da União Europeia assim o impõe.
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As alterações de software que a Tesla vai enviar over-the-air (remotamente) para os 2 milhões de veículos irão aproximar o Autopilot norte-americano do europeu, avisando o condutor de forma mais frequente sempre que este não presta atenção à estrada quando o sistema está accionado. Mais ainda, após uma comunicação enviada à Tesla pela NHTSA, que esta tornou pública, a marca liderada por Elon Musk avançou que vai igualmente limitar o Autosteer (funcionalidade que mantém o carro ao centro da faixa de rodagem) sempre que o condutor repetidamente não demonstrar que está pronto a assumir a direcção, sobretudo na aproximação a semáforos e cruzamentos.