Uma primeira vitória para o Benfica na Elite Cup, uma primeira vitória para o Sporting na primeira volta do Campeonato, uma espécie de tira-teimas entre rivais lisboetas na fase de grupos da Liga Europeia de hóquei em patins. Em condições normais, o duelo entre leões e encarnados serviria sobretudo para definir quem ficava a liderar o grupo B da competição a meio desta fase mas o recente empate do conjunto verde e branco em casa com o Calafell trouxe outro contexto ao terceiro dérbi da época no Pavilhão João Rocha.

“Já se passaram muitos jogos desde os dérbis na Elite Cup e na primeira volta do Campeonato. Recuperaram um jogador importantíssimo, que lhes dá muitos golos e que se relaciona bem com os assistentes, que é o Pablo [Álvarez]. Vai ser um jogo vital na fase de grupos e não olhamos muito para o histórico dos confrontos contra o Benfica. Estamos a olhar para o que podemos fazer para ganhar, para os seus pontos fortes e vamos tentar que não as consigam utilizar. No início da fase de grupos, só olhávamos para o primeiro lugar. Agora, depois do empate com o Calafell, o que queremos é garantir a qualificação e para o fazermos precisamos de ganhar os jogos em casa. Não há outra fórmula senão essa, são três pontos vitais para nós. Não queremos jogar condicionados por isso, queremos jogar bom hóquei, com o nosso ADN e personalidade perante o nosso público”, destacara Alejandro Domínguez, técnico dos leões, aos meios oficiais do clube.

“Além das análises ao Sporting, o nosso foco tem estado no processo e para o que queremos fazer durante o jogo. Temos trabalhado, temos analisado esta fase para aumentarmos os nossos índices de performance e as primeiras sensações são boas. Esperamos dar continuidade a este crescimento que temos tido como equipa e fazermos um resultado bom para aquilo que são as nossas ambições neste grupo da Liga Europeia, que é chegar aos quartos da competição. Temos de perceber o que fizemos bem, a evolução que temos conseguido, ajustarmos em termos defensivos ao ataque do Sporting e explorar momentos em que eles podem não ser tão fortes na defesa”, salientara Nuno Resende, treinador das águias, em declarações à BTV.

No final, sobrou um fantástico jogo de hóquei em patins. Com emoção, com alternância de lideranças, com golos como há muito não se via. Para se ter noção dos números em causa, esta foi a primeira vez que a fasquia dos 12 golos foi ultrapassada no dérbi este século, tendo em conta também o período de ausência da modalidade no clube de Alvalade. Um autêntico hino à modalidade que acabou por sorrir ao Sporting, que assumiu assim a liderança do grupo B da Liga Europeia com mais um pontos do que o Benfica.

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O início do dérbi não teve propriamente muitas oportunidades mas cedo houve um aumento da tensão no rinque entre cinco faltas nos quatro minutos iniciais e protestos dos dois bancos pela forma como a partida estava a ser conduzida. Era necessário algo para quebrar esse rumo e foi do lado do Benfica que apareceu o primeiro grande momento do encontro, com Nil Roca a fintar Toni Pérez em posição central antes do remate sem hipóteses para Ângelo Girão que fez o 1-0 (5′). A resposta, essa, não demorou. Na sequência de um cartão azul ao guarda-redes Pedro Henriques pela forma como protestou uma grande penalidade assinalada por falta sobre Nolito Romero, o argentino teve um castigo máximo para empatar mas Bernardo Mendes teve uma entrada em grande travando não só esse remate como as situações em power play dos leões (8′)  que se seguiram até Ferran Font arriscar a meia distância com sucesso para o empate (10′). Com algum fumo no recinto por uma tocha aberta, o dérbi estava ao rubro agora com tudo de novo empatado.

O intervalo chegaria com tudo empatado mas com mais golos no Pavilhão João Rocha e muita alternância no resultado: após uma grande intervenção de Girão a evitar o golo dos encarnados, Romero voltou a ter um tiro de meia distância sem hipóteses para Pedro Henriques que colocou pela primeira vez os leões na frente (17′) mas Carlos Nicolia não demorou a fazer de novo a igualdade, numa recarga a um livre direto travado por Girão depois de novo cartão azul para Alessandro Verona (19′). O jogo estava bom, iria ainda ficar melhor.

O regresso após o descanso trouxe uma partida verdadeiramente diabólica, com três golos noutros tantos minutos: Roberto di Benedetto recolocou as águias na frente com um remate após diagonal da direita para o meio num movimento típico do internacional francês (27′), João Souto empatou logo de seguida após mais uma boa jogada de Ferran Font (27′) e Nil Roca fez o 4-3 em mais um tiro de meia distância sem hipóteses para Girão (28′). Quase de seguida, Font viu cartão azul mas o Benfica acabou por não conseguir aproveitar os dois minutos de superioridade numérica para cimentar a liderança, sendo mesmo o Sporting a fazer de novo a reviravolta com golos consecutivos de Romero e Matías Platero (36′) antes de mais um empate a cinco num desvio oportuno de Gonçalo Pinto (40′) numa fase em que havia empate também nas faltas (8-8).

O dérbi podia cair para qualquer lado. Romero falhou uma grande penalidade (41′), Souto não desperdiçou um livre direto pela décima falta dos visitantes (42′), Nicolia não conseguiu fazer o mesmo na sanção pela décima falta dos visitados e logo na resposta Romero aumentou para 7-5 (43′), Lucas Ordónez reduziu de seguida numa grande penalidade (45′), Romero falhou um penálti (45′), Ordóñez desperdiçou também um livre direto por cartão azul a Ferran Font (48′) e o Benfica não conseguiu depois aproveitar a situação de power play até ao final apesar de um golo anulado num lance confuso em que Pablo Álvarez surgiu caído na área a empurrar a baliza, perdendo numa partida que durou um pouco mais de… duas horas.