Num mês, esta era a terceira vez que os dois rivais tinham compromissos na agenda à mesma hora e no mesmo local. No rescaldo do histórico recente, resultou uma vitória para cada lado na fase de grupos da Liga dos Campeões. Desta vez, o duelo era a contar para o campeonato, onde o Benfica, apesar de tudo, ressacava de uma derrota por 7-1 no Dragão Arena, enquanto que o Sporting seguia na liderança de mão dada com a Oliveirense.

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De qualquer modo, os últimos dérbis deixavam a certeza de que não se podiam esperar favoritos, sendo que existia outro dado que fazia do melhor desempenho dos leões no campeonato um dado menor: desde janeiro de 2019 que o Sporting não ganhava na Luz. Cinco anos de seca que o jogador do Sporting, João Souto, pretendia contrariar.

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“Se metermos a mentalidade vencedora, a garra e o espírito que metemos no nosso pavilhão, é certo, muito suportado pelos nossos adeptos, estaremos mais perto de ganhar. Por isso, temos de ir à Luz com essa mentalidade e sem ter qualquer problema em impor o nosso jogo, como o fizemos em nossa casa, porque só assim conseguiremos vencer o Benfica. No último jogo transportámos algumas coisas desses jogos, mas em determinados pormenores não fomos tão felizes como fomos em nossa casa e o trabalho dos guarda-redes também se sobrepôs”, disse Souto que chegava ao dérbi com 29 golos em 26 jogos esta temporada.

Lucas Ordóñez dava voz à intenção do Benfica em conseguir um resultado diferente do que se verificou na primeira volta quando os encarnados perderam por 3-2 no Pavilhão João Rocha. “Penso que já nos conhecemos muito bem. Vai ser um jogo fechado. São duas grandes equipas que se conhecem muito bem. No final, decide-se nos detalhes. Esperamos estar de novo concentrados os cinquenta minutos e conseguirmos os três pontos em casa”, lançou o argentino.

No Pavilhão da Luz, os jogadores deram significado à expressão “aquecimento” com os ânimos a ferver ainda sem a bola começar a rolar. Uma quezília entre jogadores marcou os momentos que antecederam o apito inicial. A dureza que se esperava depois disso, confirmou-se. Nolito, que esta semana renovou contrato com o Sporting até 2025, derrubou Roberto Di Benedetto e viu o cartão azul. Nicolía aproveitou para inaugurar o marcador através de um livre direto que foi repetido depois de, na primeira tentativa, Ângelo Girão ter defendido.

O Benfica estava a ser superior. Depois de não aproveitarem uma situação de power play, o ânimo dos encarnados não diminuiu. Pelo contrário, Nil Roca aumentou a vantagem com um remate cruzado de fora da área. A reação do Sporting era quase uma inevitabilidade. Em cima do intervalo, o guarda-redes das águias, Pedro Henriques foi forçado a duas intervenções preponderantes para manter a baliza a zero até ao intervalo. O desperdício da equipa treinada por Alejandro Domínguez contrastou com a eficácia do Benfica.

Os cartões azuis continuaram a ser penalizadores para os leões. Os excessos de Alessandro Verona e de Matías Platero entornaram o caldo que Nicolía soube aproveitar. O argentino marcou mais duas vezes de bola parada e ainda restava tempo na primeira parte para o Benfica sair a ganhar por 5-0. Desta vez de bola corrida e em power play, Pablo Álvarez fez o terceiro golo da equipa de Nuno Resende em cerca de um minuto e meio.

Dificilmente o Benfica ia permitir a reviravolta pela maneira como continuava a acelerar em cima dos patins. Roberto Di Benedetto, à boca da baliza, fez o sexto golo. Se foi possível ao Sporting sair com alguma honra, muito se deve a Nolito que impediu que os leões deixassem a Luz a zero. A goleada sofrida pelo emblema de Alvalade (6-1) deixa a liderança em risco e dependente do resultado da Oliveirense diante do Famalicense.