A decisão de quem era a melhor entre duas das melhores equipas do mundo, o mais mítico pavilhão (ou neste caso estádio, como dizem os argentinos) de hóquei em patins do mundo como é o Aldo Cantoni em San Juan. Depois da vitória do FC Porto frente ao Barcelona nas meias-finais da última Liga dos Campeões, que valeu aos azuis e brancos o quebrar de um longo jejum de mais de três décadas sem ganhar o principal título da Europa na modalidade com uma goleada ao Valongo, os dois conjuntos voltavam a encontrar-se na final da Taça Intercontinental depois dos naturais triunfos dos conjuntos do Velho Continente sobre o Lomas de Rivadavia (10-2 para os dragões) e o UVT (8-4 para os catalães). E se as classificações nas respetivas ligas são diferentes, os momentos atuais eram os melhores da temporada para um grande jogo em perspetiva.

11 golos, emoção e um troféu histórico ganho no Pavilhão João Rocha: FC Porto conquista Taça Intercontinental frente ao Sporting

Depois da vitória na Taça Continental a abrir a temporada, com um triunfo na final diante do Voltregá na Catalunha, o FC Porto foi sofrendo alguns deslizes no Campeonato que o colocam nesta altura no terceiro lugar da fase regular atrás da Oliveirense e do Sporting mas chegava a esta decisão com dez triunfos seguidos em 2024 entre Campeonato, Taça de Portugal, Liga dos Campeões e Taça Intercontinental. Já o Barcelona, que nesta altura tem 18 pontos de avanço numa Liga espanhola cada vez menos competitiva em relação ao primeiro lugar (ao contrário da portuguesa), sofrera apenas uma derrota esta época na polémica final da Liga catalã frente ao Noia, com 27 vitórias e dois empates num total de 30 encontros.

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“Hóquei” é outra forma de dizer “Portugal”: FC Porto elimina FC Barcelona e garante final da Liga dos Campeões 100% nacional

“A nossa ambição é sermos campeões do mundo pela segunda vez nas últimas três épocas e, acima de tudo, quero ambição, vontade de ganhar, raça. Quero ver um Porto à Porto e a pensar 80% em nós e 20% neles. Temos de lutar por algo para que trabalhámos muito e que se identifica com a essência do clube: ganhar títulos. Estamos a lutar para ganhar o sétimo título nestas duas épocas e o nosso foco tem de ser máximo. O Barcelona é um rival muito forte, com boas individualidades e mecânicas já trabalhadas ao longo das últimas épocas. É uma equipa que vence todas as competições em Espanha. Conhecemo-los bem, até porque os defrontámos no ano passado. Trabalhámos e analisámo-los bem de forma a podermos ganhar o jogo”, apontara Ricardo Ares, técnico dos azuis e brancos com especial apetência para títulos internacionais.

Desde que assumiu o comando dos azuis e brancos em 2021/22, o técnico espanhol de 48 anos conquistou uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental (contra o Sporting, com duas vitórias no Dragão e no João Rocha), além de um Campeonato e de uma Taça de Portugal. Ou seja, ganhara mais vezes provas internacionais do que nacionais, sendo que agora teria o desafio de repetir o triunfo frente aos catalães sabendo que a história não era “simpática” nesse particular, com o Barcelona a chegar a esta decisão a ganhar todas as finais que jogara antes com os dragões entre Liga dos Campeões, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental. Agora, não foi exceção. E depois de uma grande recuperação do FC Porto, a empatar o jogo após ter estado a perder por três golos, o início do prolongamento deu a vitória ao Barcelona, que reforçou a posição de equipa com mais finais e vitórias na Taça Intercontinental (sete em oito).

O início do encontro com casa cheia no Aldo Cantoni e bandeiras e tarjas do FC Porto atrás de uma das balizas (pelo menos essas eram mais visíveis na transmissão) confirmou que na pista estavam alguns dos melhores jogadores da atualidade, alguns dos quais a caminho da Liga portuguesa como o internacional João Rodrigues ou Pau Bargalló (reforços do Benfica para a próxima temporada) e outro num reencontro com a anterior formação (Hélder Nunes de um lado, Xavi Barroso do outro). Assim, entre remates perigosos e grandes jogadas individuais e coletivas, foram os momentos a seguir aos descontos de tempo que fizeram a diferença no primeiro tempo: Ignacio Alabart inaugurou o marcador na sequência de uma saída 3×2 com um gesto individual que enganou Xavi Malián (10′), Sergi Panadero aumentou em mais um remate cruzado a sair do lado direito do ataque (14′). Os dragões acusaram a desvantagem e consentiram mesmo o 3-0 por Pau Bargalló na sequência de um livre direto por cartão azul a Carlo Di Benedetto (17′).

Sergi Fernández, que substituiu Carles Grau na baliza, estava também numa noite de particular inspiração a travar todas as tentativas do FC Porto mas notava-se que os dragões precisavam de um golo para terem outra serenidade na partida para se aproximarem mais da sua identidade de jogo, algo que acabaria por surgir ainda antes do intervalo num livre trabalhado por Ezequiel Mena e Gonçalo Alves antes de um grande gesto técnico de Carlo Di Benedetto na área (23′). Estava dado o mote para a aproximação dos azuis e brancos, que ganhou outra forma no recomeço da partida após descanso: Gonçalo Alves falhou um lance 1×0 com Sergi Fernández (30′), Hélder Nunes falhou um livre direto após cartão azul a Pau Bargalló com um remate ao poste mas à terceira foi mesmo de vez (31′), com Rafa a ser mais rápido na área para o 3-2 (32′).

Edu Castro, treinador do Barcelona (apontado também ele ao Benfica na próxima época), quis parar logo o jogo, por forma a travar o ascendente que os portistas estavam a ganhar na partida, e os minutos seguintes trouxeram esse “gelo” para os catalães conseguirem ter outro tipo de controlo na vantagem mínima, que foi ameaçada por Mena pouco depois e ainda mais num livre direto de Carlo Di Benedetto após novo azul a Pau Bargalló que o francês não conseguiu aproveitar (41′). Poucos segundos depois, e na ânsia de tentar ainda aproveitar da melhor forma a situação de power play, o jogador portista viu também azul, João Rodrigues sofreu uma falta para novo azul de Telmo Pinto no livre direto mas desperdiçou o penálti (42′), mantendo a esperança dos dragões em chegarem ao empate que surgiria a dois minutos do fim por Hélder Nunes.

Seguia tudo para prolongamento com o FC Porto a ter ascendente anímico mas com o Barcelona a ganhar de forma rápida ascendente no marcador, com Marc Grau a encostar à boca da baliza após assistência de Pau Bargalló (51′), Xavi Barroso a aumentar pouco depois em mais uma saída rápida a surpreender os azuis e brancos (53′) e Pau Bargalló a “sentenciar” a partida na recarga a um livre direto pela décima falta dos dragões (55′). Apesar da grande recuperação no tempo regulamentar, bastaram cinco minutos do texto extra para deitarem por terra o sonho dos azuis e brancos em conquistarem de novo a Taça Intercontinental numa partida em que os catalães souberam gerir melhor os momentos do jogo através da sua experiência.