“A Sociedade da Neve”, do realizador Juan Antonio Bayona e com financiamento da Netflix, venceu a edição desde ano dos prémios do cinema espanhol, os Goya, ganhando em dez categorias, incluindo a de melhor filme.

Juan Antonio Bayona recebeu o Goya de melhor realização e o filme foi ainda distinguido nas categorias de banda sonora original, direção de produção, direção de arte, som, fotografia, montagem, melhor ator revelação (o argentino Matías Recalt), maquilhagem e cabelo, efeitos especiais e guarda-roupa.

Com estes 12 prémios na 38.ª edição dos Goya, “A Sociedade da Neve” tornou-se num dos filmes mais galardoados de sempre pela academia espanhola do cinema.

“A Sociedade da Neve” está também nomeado para os Óscares, os prémios da academia de cinema dos Estados Unidos, na categoria de melhor filme internacional.

Diversos premiados por “A Sociedade da Neve” na cerimónia dos Goya, que decorreu na noite de sábado na cidade de Valladolid, incluindo o realizador, agradeceram à Netflix por ter aceitado produzir este filme, falado em castelhano, dizendo que só isso permitiu concretizar um projeto com os meios e custos que envolveu.

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“A Sociedade da Neve”, com um argumento que adaptou o livro com o mesmo título de Pablo Vierci, baseia-se na história real de um acidente de avião com 45 pessoas a bordo em 1972 nos Andes. A maioria dos passageiros fazia parte de uma equipa de ráguebi e 16 acabaram por ser resgatadas com vida 72 dias depois.

Os premiados nos Goya agradeceram também aos sobreviventes deste acidente e à família daqueles que morrerem nos Andes, que apoiaram o filme, que, segundo disse Juan Antonio Bayona, já foi visto por 150 milhões de pessoas em todo o mundo.

“A Sociedade da Neve” era o segundo filme mais nomeado nesta edição dos Goya (em 13 categorias), a seguir a “20.000 Espécies de Abelhas” (em 15).

“20.000 espécies de Abelhas” venceu nas categorias de melhor nova realizadora (Estíbaliz Urresola), melhor argumento original e melhor atriz secundária (Ane Gabarain).

O filme “Alma Viva”, da realizadora luso-francesa Cristèle Alves Meira, era candidato ao Goya de melhor filme ibero-americano, mas o vencedor foi “A memória infinita” (Chile).

Na categoria de melhor filme de animação estava nomeada a longa-metragem “They shot the piano player”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, com coprodução portuguesa pela Animanostra, apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual e participação da RTP.

O vencedor nesta categoria foi “Robot Dreams”, de Pablo Berger.

A 38.ª edição dos Goya ficou marcada por diversas mensagens em defesa da diversidade e da igualdade de género e de condenação da violência contra as mulheres, depois de recentemente se terem tornado públicas acusações de abusos sexuais contra o realizador espanhol Carlos Vermut.

“É urgente que todos exijamos garantias de igualdade e isso passa por condenar todos os abusos e a violência sexual e por rever de maneira profunda as estruturas que a permitem”, disse a atriz e cantora Ana Belén, que apresentou a cerimónia, logo na abertura da gala.

Também o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse à chegada à cerimónia que há uma “violência estrutural” contra as mulheres e que acabar com ela é uma missão, em primeiro lugar, dos homens, além de ter de ser um compromisso social e civil de todas as pessoas e das instituições públicas.

A gala dos Goya deste ano contou ainda com uma atuação do português Salvador Sobral, que interpretou “Procuro Olvidarte” com Silvia Pérez Cruz e Marta Roma.