Não se sabe se, nesta segunda vida europeia, o Sp. Braga vai conseguir vingar, mas que vai longe, isso é certo. Do Minho ao Azerbeijão são 44 dias a pé — sim, esta é uma daquelas informações que o Google Maps oferece e que, quase de certeza, nunca ninguém testou –, o que equivale a ir 19 vezes do Bom Jesus ao Santuário de Fátima. Desta vez, foi o Qarabag quem percorreu esse caminho (de avião, claro) para jogar a primeira mão do playoff de acesso aos oitavos de final da Liga Europa e certamente fá-lo-ia novamente.

O Sp. Braga teve o mérito de conseguir dar luta ao Real Madrid e ao Nápoles e de ter levado até à última jornada a discussão pelo acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões num regresso ao patamar mais alto do futebol europeu que dignificou os jogadores treinados por Artur Jorge. Restava, no entanto, assumir a queda que vinha amparada por uma rede de trapezista chamada Liga Europa.

Só que uma viagem destas merecia uma receção aprumada então os minhotos estenderam a passadeira aos seus adversários. O Qarabag conseguiu superiorizar-se no encontro e Víctor Gómez, lateral-direito dos arsenalistas, deixou Elvin Cafarguliyev por terra dentro da área. Marko Jankovic (21′) converteu a grande penalidade e deixou a equipa que veio do Azerbeijão em vantagem.

Depois de uma derrota pesada em Alvalade para o campeonato (5-0), que Artur Jorge disse ter sido “um abalo muito grande”, o Sp. Braga podia entrar numa espiral de negatividade. A curto prazo, os jogadores de Artur Jorge deram uma boa resposta e impuseram-se a partir daí. O golo acabou por chegar na ponta final da primeira parte. Simon Banza (44′), que voltou a jogar pelos minhotos depois de ter estado a representar a República Democrática do Congo na CAN, aproveitou da melhor forma a recarga a um cabeceamento de Niakaté.

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Estava dado o mote para que os vencedores da Taça da Liga, que perderam André Castro, André Horta e Al Musrati no mercado de janeiro, pudessem reagir ao resultado negativo frente ao Sporting e, como disse Artur Jorge, conseguirem “repor a justiça” do que a equipa é capaz de fazer. Porém, um dos maiores defeitos da equipa esta temporada voltou a aparecer. A passividade defensiva do Sp. Braga permitiu a Zoubir (54′) transformar em golo um livre de Benzia à entrada da área que inicialmente tinha ficado na barreira.

Os arsenalistas continuavam a demonstrar incapacidade até para guardar um carro estacionado e voltou a sofrer com isso. Juninho (66′), que se destacou em Portugal ao serviço do Chaves, fez o terceiro e Zoubir (69′), três minutos depois, o quarto. Restava então minimizar as despesas que já eram bastante elevadas. O jovem Roger Fernandes arrancou uma grande penalidade a Matheus Silva. João Moutinho (90+1′) colocou o resultado em números mais simpáticos (2-4) e os bracarenses vão ao Azerbeijão a precisar de um grande golpe de sorte para chegarem aos oitavos.