A esperança era grande, a desilusão tornou-se ainda maior. Após uma fase de grupos da Liga dos Campeões com vitórias frente ao Union Berlim mas onde conseguiu ser competitivo nos encontros em casa com o Real Madrid e o Nápoles e falhou uma grande penalidade a abrir no Santiago Bernabéu, o Sp. Braga chegava a este playoff de acesso aos oitavos da Liga Europa com legítimas aspirações de pelo menos avançar mais uma fase na competição. Por uma questão de prestígio, por causa dos prémios financeiros. Porque, globalmente, os minhotos são melhores do que o Qarabag. Porque, de forma particular, havia uma resposta a dar perante o descalabro em Alvalade para a Liga com o Sporting. Aquilo que tinha contexto para uma redenção de sonho tornou-se numa verdadeira noite de pesadelo que só não foi pior por um penálti de Moutinho no fim.

Depois do “abalo”, o tombo: Sp. Braga sofre derrota pesada contra Qarabag e fica com vida difícil na Liga Europa

“Temos insistido e falado de ambição em ultrapassar este difícil adversário e esta eliminatória. Não interessa só ganhar o jogo, queremos ganhar a eliminatória. Há um momento chave, o primeiro golo que concedemos, um erro nosso e ficámos intranquilos. Reconhecemos que o Qarabag tem excelente equipa, com bons jogadores. Por estar na frente, tem de ser considerada favorita na eliminatória e nós temos de fazer o nosso melhor para conseguirmos ser superiores no jogo e continuar nas provas europeias. O Qarabag aproveitou melhor o que demos e permitimos no primeiro jogo, tivemos na segunda parte um período em que estivemos algo perdidos. Esperamos encontrar o equilíbrio e expor todo o potencial dos jogadores, para que sobressaia a equipa”, analisara Artur Jorge, técnico dos arsenalistas, à luz da derrota na Pedreira com os azeris por 4-2.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Sinto o grupo confiante e motivado no que temos feito. O que dissemos no fim do primeiro jogo é que a eliminatória não está fechada. Vamos trabalhar para dar resposta a essa ambição, para fazer golos, ganhar e tentar passar a eliminatória. Nesta altura a vantagem é do adversário, temos dois golos de desvantagem mas vamos tentar, dentro das 10%, 15% ou 20% de probabilidades para nós, transformar isso. As oportunidades são para lutar por elas, em todos os momentos temos lutado. Que possa ser mais um exemplo disso, encontrar também um momento de superação, vai ser preciso isso, temos equipa boa pela frente, a jogar com apoio dos seus adeptos. Teremos alguns fatores contra nós mas estamos motivados e determinados para inverter esta eliminatória mesmo sendo uma missão difícil para nós”, acrescentara o treinador.

Em paralelo, Artur Jorge recusara também qualquer tipo de rótulo de “jogo chave” para o Sp. Braga esta temporada. “Não acho que seja crucial. Quando ganhámos Taça da Liga, disse que teríamos ainda muito para fazer na época. Isso é lutar no Campeonato em função da classificação, é ambicionar seguir em frente nas provas UEFA. Há muito ainda por fazer, não será determinante ou crucial para avaliar desempenho, porque qualquer jogador do Sp. Braga tem desde o primeiro dia ambição e consciência de que todos os jogos no têm por objetivo lutar para ganhar. No final faremos contas à época”, tinha salientado.

A qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões pela terceira vez na história do clube e a recente conquista da Taça da Liga frente ao Estoril em Leiria são dois pontos que deixarão Artur Jorge para sempre num patamar de destaque nos minhotos. No entanto, pelo investimento e pelo plantel que os arsenalistas conseguiram construir para a presente temporada, esperava-se mais sobretudo na carreira no Campeonato. Os dois primeiros lugares parecem pouco mais do que uma utopia, o terceiro pode ser complicado. Assim, ou também por isso, esta deslocação ao Azerbaijão assumia outro peso. E apesar da vitória por 3-2, o Sp. Braga não conseguiu evitar a eliminação nos descontos do prolongamento quando tinha tudo para dar a volta e construir uma noite europeia memorável. Se alguns não conseguem fugir da lei de Murphy onde tudo o que podia correr mal, corre ainda pior, outros, como os minhotos, quase chamaram essa lei de Murphy…

A partida até começou com Simon Banza a tentar um remate após assistência de Pizzi mas nem por isso o Sp. Braga conseguiu aquilo que o Qarabag foi consolidando com o passar dos minutos: ter o domínio da partida. Também Pizzi tentou a meio do primeiro tempo dar vantagem aos minhotos mas os azeris chegaram ao período de intervalo com várias oportunidades falhadas ou defendidas por Matheus, entre um remate de Vesovic desviado para canto (37′), um falhanço de Juninho sozinho na pequena área após uma jogada de envolvimento na esquerda (40′) e uma grande saída aos pés de Juninho quando o avançado se preparava para ficar isolado na área (41′). O Sp. Braga precisava de algo mais para reentrar no encontro.

Esses sinais começaram por surgir logo no descanso, com a entrada de Álvaro Djaló para o lugar de Pizzi para dar outra largura ao ataque dos minhotos que tinha Roger do outro lado desde início. Depois, tiveram um passo importante com a expulsão de Jafarguliyev, que viu dois amarelos em quatro minutos e foi expulso por acumulação entre muitos protestos do banco do Qarabag apesar da entrada desnecessária sobre Roger (57′). Por fim, ganharam o corpo definitivo com o primeiro golo de Roger, na sequência de um cruzamento do recém entrado Bruma para o segundo poste (70′). Artur Jorge arriscara com a entrada do extremo português antes de Vítor Carvalho e Rony Lopes e colheu frutos, com Álvaro Djaló a ter uma diagonal da esquerda para o meio com um remate em arco “à Galeno” que fez o 2-0 já depois de um golo anulado a Abel Ruíz (75′).

A partida seguia para prolongamento mais a jeito da reviravolta total dos minhotos, em superioridade a nível de jogadores e no plano anímico. No entanto, e à semelhança do que aconteceu na Pedreira, bastou um erro de marcação na sequência de um livre lateral no lado direito para o Qarabag voltou a estar em vantagem na eliminatória mesmo que atrás no resultado, com o defesa Matheus Silva (que passou pelo Farense e pelo Moreirense) a aproveitar uma segunda bola que ficou em terra de ninguém na área para fazer o 2-1. O Sp. Braga tinha de voltar a meter uma mudança acima mas foi na inspiração individual de Banza que regressou a esperança, com o avançado a ser carregado em falta na área e a transformar o penálti do 3-1 (112′). A partir daí, as duas equipas pareciam ter acabado de vez as baterias caminhando para o desempate por grandes penalidades mas mais uma distração deitou tudo por terra com os azeris a marcarem rápido um livre no meio-campo para isolarem Akhundzade, que trabalho na área e fez mesmo o 3-2 decisivo (120+2′).