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Gyökeres deu finalmente uma fama com proveito a Amorim (a crónica do Sporting-Benfica)

Sporting voltou a ter uma hora de domínio, Benfica reagiu quando sentiu quebra física mas apenas reduziu a desvantagem. Diferença? A vitória de Amorim sobre Schmidt materializada por Gyökeres (2-1).

Gyökeres tornou-se o primeiro jogador em mais de 50 anos a marcar nos três primeiros jogos feitos pelo Sporting contra Benfica e FC Porto
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Gyökeres tornou-se o primeiro jogador em mais de 50 anos a marcar nos três primeiros jogos feitos pelo Sporting contra Benfica e FC Porto

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Gyökeres tornou-se o primeiro jogador em mais de 50 anos a marcar nos três primeiros jogos feitos pelo Sporting contra Benfica e FC Porto

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Era o jogo que todos querem jogar, era o jogo que todos querem ver, era o jogo que Rúben Amorim e Roger Schmidt poderiam nesta fase prescindir. Qualquer treinador gosta de testar a sua equipa contra os opositores mais fortes e são esses encontros que dão muitas vezes uma “nota” ao trabalho que é feito em cada microciclo de treinos mas a densidade do calendário competitivo e a importância de vários compromissos nas próximas semanas quase fazia “abdicar” de um dérbi nesta fase. Fazia, não pode fazer. E numa fase em que Sporting e Benfica estão separados por apenas dois pontos no topo do Campeonato com os leões ainda com um jogo por realizar, as duas melhores formações da prova encontravam-se na primeira mão das meias da Taça de Portugal num dos momentos mais altos da temporada e com uma confiança que se alargava aos adeptos, até mesmo na sequência do deslize do conjunto verde e branco em Vila do Conde frente ao Rio Ave (3-3).

Sporting vence Benfica em Alvalade e fica em vantagem nas meias-finais da Taça de Portugal (2-1)

“No ano passado estávamos num momento pior quando foi o dérbi e isso não ficou demonstrado no jogo, jogámos muito bem. Neste momento, tivemos dois empates quanto a mim diferentes. Com o Young Boys devíamos ter goleado, com o Rio Ave não fizemos o que devíamos ter feito. Cada jogo tem a sua história. Vai ser uma eliminatória a duas mão e temos de ser muito inteligentes. Queremos ganhar e dominar o jogo, sabendo que do outro lado está um adversário com jogadores de muita qualidade, que são campeões e estão em primeiro. Mas estamos claramente preparados”, apontara na antecâmara da partida Rúben Amorim, a relativizar essa fase de dois jogos consecutivos sem vencer (ainda que sem “impacto” na Liga Europa).

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“Espero sempre um Benfica forte. Vai variando os seus jogadores mais do que no ano passado, vai mudando as caraterísticas consoante o que querem, mas têm jogadores que podem resolver a qualquer momento. Com o onze deles, adaptamos a nossa forma de defender sendo que de resto vamos atacar da mesma forma, a querer ter a bola. Inexperiência? Falei nisso no primeiro ano porque éramos completamente inexperientes. Depois, entrámos nas competições europeias mais ou menos com a mesma base. Errámos, temos sofrido golos por erros nossos. Às vezes são azar, outras somos nós que provocamos. Essa cartada da inexperiência não vai entrar aqui. Já somos grandinhos o suficiente para ganhar estes encontros, mas temos de melhorar em certos aspetos do jogo”, prometera o técnico leonino antes da receção aos encarnados.

“Palavras chave antes do jogo, sei só que vai ser um bom jogo contra uma equipa de topo em Portugal. É uma primeira mão das meias-finais, estamos a falar da Taça e de um jogo importante, com duas equipas que vão mostrar muita qualidade e que até já o fizeram esta época. Quando cheguei ao Benfica, vi logo que era um clube especial, rico em tradição, com muitos sucessos no passado. Acho que é um clube com muita tradição na Europa e muito importante para os adeptos. É um aniversário de 120 anos e queremos continuar a fazer parte da história deste clube, jogando o futebol que todos esperam. Isto é uma motivação para nós”, lançara Roger Schmidt, à luz do aniversário do clube que tinha sido assinalado na véspera do dérbi.

“Faz parte do nosso trabalho fazer uma boa gestão do calendário, como conseguimos nas últimas semanas. Vamos dar o descanso a alguns jogadores porque já sabíamos que estes jogos iam acontecer. O foco é estarmos preparados para cada jogo e estarmos 100% concentrados. Pensamos só no jogo com o Sporting, não estamos a pensar no FC Porto [domingo] ou no Rangers [quinta-feira]. Vamos jogar e depois vemos a condição física dos jogadores mas acredito na forma física dos atletas, no profissionalismo, na recuperação. Estamos novamente a fazer tudo para estarmos bem preparados”, acrescentara o técnico germânico.

Era nesse contexto que chegava o segundo dérbi da temporada, depois de um jogo no Estádio da Luz para o Campeonato que fez história por ter sido o primeiro resolvido com dois golos nos descontos. Agora, o jogo ia ser diferente, tendo também em conta que na primeira volta a expulsão de Gonçalo Inácio no arranque da segunda parte condicionou o resto da partida, mas as características para procurar a vitória em termos de ideia e identidade de jogo seriam as mesmas. Foi assim que, mais uma vez, como acontecera na temporada passada em Alvalade e até em determinados períodos na Luz esta época em 11×11, Amorim ganhou a Schmidt em termos estratégicos. Foi assim que, mais uma vez, como acontecera na temporada passada em Alvalade e até em determinados períodos na Luz esta época em 11×10, Schmidt aproveitou a quebra física do adversário para reagir perante Amorim. No entanto, agora há um fator diferenciador chamado Gyökeres. Não pelo golo, não pelos lances de perigo, não pela forma como consegue gizar todo o modelo de jogo ofensivo dos leões mas pela maneira como consegue fazer com que até o adversário faça girar o seu jogo à sua volta.

Ficha de jogo

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Sporting-Benfica, 2-1

1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Sporting: Franco Israel; Eduardo Quaresma (St. Juste, 90+2′), Coates, Diomande; Geny Catamo (Nuno Santos, 86′), Hjulmand (Daniel Bragança, 90+2′), Morita, Matheus Reis; Marcus Edwards (Ricardo Esgaio, 75′), Pedro Gonçalves (Paulinho, 90+2′) e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Adán, Luís Neto, Iván Fresneda e Koba Koindredi

Treinador: Rúben Amorim

Benfica: Trubin; Alexander Bah (Morato, 46′), António Silva, Otamendi, Aursnes; João Neves, João Mário; Di María, Kökçü (Tiago Gouveia, 88), David Neres (Tengstedt, 62′) e Rafa (Arthur Cabral, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Álvaro Carreras, Tomás Araújo, Florentino Luís e Marcos Leonardo

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Pedro Gonçalves (9′), Gyökeres (54′) e Aursnes (68′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otamendi (31′), Hjulmand (34′), Di María (75′), Kökçü (75′) e Rafa (79′)

O encontro começou com as alterações previstas nos dois conjuntos, com a confirmação de que Matheus Reis seria mesmo titular (além de Franco Israel, numa mudança anunciada na baliza) e que Schmidt iria de novo apostar num ataque mais móvel como acontecera com o Portimonense sem uma referência ofensiva mais fixa, e com o Sporting bem mais confortável com esse contexto do Benfica. Ganhou o meio-campo, fez uma pressão que só raramente permitia que os encarnados chegassem ao último terço, conseguiu dar largura ao seu jogo ofensivo canalizando grande parte dos ataques por Geny Catamo na direita, conseguiu assumir as rédeas do jogo. A isso, juntou eficácia: pouco depois de um lance em que ficou a pedir falta de João Neves na área, Pedro Gonçalves conseguiu pela primeira vez ter uma ação na partida e para golo, desviando de cabeça ao segundo poste um cruzamento de Hjulmand que fez a bola ainda bater no poste e entrar (9′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-Benfica em vídeo]

As ausências no Sporting, nomeadamente Gonçalo Inácio e Francisco Trincão, não se notavam. As presenças no Benfica, sobretudo a colocação de João Mário no meio com João Neves tendo Kökçü como um número 10, também não. Com isso, e apesar da desvantagem, o máximo que os encarnados conseguiam era ter um pouco mais de bola também pela descida das linhas dos verde e brancos sem nunca perder a referência Gyökeres para explorar a profundidade contra um conjunto leonino confiante, a ganhar alguns cantos em tentativas de remates prensados (num deles António Silva mostrou como travar o sueco no 1×1, nunca indo à queima e arriscando o corte só depois dessa temporização) e mantendo a sua identidade com bola na construção a partir de trás quase que a chamar os adversários para chegar à frente em três/quatro toques. Até em alguns pontos como no domínio das segundas bolas o Sporting conseguia estar por cima do rival direto.

A própria expressão facial e corporal dos jogadores do Benfica mostrava essa evidência. Quando Otamendi teve de travar Gyökeres numa situação de 1×1 em falta (e a cortar o lance com o braço, o que lhe valeu um cartão amarelo), foram muitas as conversas, correções e alertas lançados entre elementos encarnados, que se tentavam reagrupar para o que faltava até ao intervalo. Mais: quando as águias conseguiam potenciar uma eventual situação de perigo, como aconteceu numa arrancada pela esquerda de David Neres onde Hjulmand não quis arriscar um segundo cartão, não só acabavam por falhar o passe como davam azo a que a partida se partisse mais e Gyökeres fosse lançado na frente, nessa situação com um remate para defesa de Trubin (35′). Gyökeres teria ainda uma tentativa que ficou nas malhas laterais após lançamento lateral (40′), João Neves conseguiu in extremis evitar o golo de Marcus Edwards (44′) mas o 1-0 iria perdurar até ao intervalo.

Schmidt preparava uma alteração e o aquecimento de Morato com maior intensidade abrir perspetivas muito diferentes sobre a opção perante o que se passara na primeira parte. David Neres, para equilibrar a esquerda também em termos defensivos contra Geny Catamo e Marcus Edwards? João Mário, para dar outra solidez no meio-campo? Kökçü, que tinha passado completamente ao lado dos 45 minutos iniciais? A opção recaiu mesmo em Bah, com Aurnes a passar para o lado direito da defesa em mais uma partida em que aparece como um bombeiro para tudo o que a equipa necessita. Mas havia mais “mexidas”, que não demoraram a notar-se: João Mário surgiu mais recuado do que João Neves na primeira fase de construção, Di María estava mais por dentro, as zonas de pressão estavam mais altas. Oportunidades? Nenhuma. E foi o Sporting que, perante o espaço concedido para transições, aumentou para 2-0 com Geny Catamo a lançar Gyökeres na profundidade e o sueco a bater Otamendi em força, a puxar para o pé esquerdo e a bater Trubin (54′).

As mudanças de Schmidt deram para dois/três minutos de maior pressão junto da área sportinguista e nada mais, sendo que uma desvantagem de dois golos levaria de forma obrigatória à procura de novas soluções em busca de um resultado diferente para a segunda mão. Opção seguinte? Tengstedt, com uma aposta mais fixa na frente, Di María a deambular mais entre a esquerda e o meio e uma maior exigência para João Mário e João Neves na primeira fase de transição (sendo que estavam a ser as exibições não só de Neves mas também de António Silva que mantinham a equipa “viva” na partida). Continuava a faltar algo mais na frente e que chegou pelo suspeito pouco improvável que repetiu o que fizera em Alvalade na última temporada: Di María fez a variação posicional do meio para a esquerda, cruzou ao segundo poste e Aursnes fez o 2-1 (68′).

Estava desbloqueado o segredo que o Benfica necessitava: causar intranquilidade no Sporting, não fazer qualquer temporização e ir de imediato à procura de mais que só não surgiu por decisão do VAR com muita polémica à mistura. Em mais uma jogada rendilhada pela esquerda que teve Di María no início do lance a cair de novo nessa flanco, Kökçü cruzou atrasado e o argentino rematou cruzado para o empate que foi muito festejado mas acabou anulado pelo fora de jogo posicional de Tengstedt (71′). Todavia, a “mossa” estava causada. Havia mais domínio encarnado, o Sporting multiplicava passes falhados não permitiam as saídas que antes conseguira e o encontro estava concentrado no meio-campo verde e branco, sendo que a gasolina no tanque dos visitados estava há muito num limite que os visitantes não tinham a não ser Esgaio, acabado de entrar com dois remates por cima em boa posição, e Nuno Santos, que com um golo de bandeira numa segunda bola após livre marcou o 3-1 que acabou anulado por fora de jogo de Paulinho (90+3′).

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