O Farense não conseguiu propriamente quebrar o mau momento que atravessa no Campeonato, num trajeto de seis encontros consecutivos sem triunfos que deixou a equipa no 11.º lugar só com mais quatro pontos em comparação com o antepenúltimo classificado Estrela da Amadora, mas voltou a mostrar em Alvalade uma especial capacidade de discutir os encontros frente aos “grandes” e criar incerteza até ao final – a ponto de José Mota, treinador dos algarvios, dizer que viu o adversário atuar como “uma equipa pequena”. No entanto, apesar de ter voltado a marcar dois golos, foi o Sporting que levou a melhor pela terceira ocasião (3-2) depois do triunfo na primeira volta do Campeonato (3-2) e na fase de grupos da Taça da Liga (4-2).

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Ao todo, os leões levam dez triunfos consecutivos diante da sua filial a jogar em casa, naquela que foi ainda a 15.ª vitória nas últimas 16 receções aos algarvios. Mais importante do que isso na ótica dos verde e brancos, o complicado sucesso valeu ao Sporting mais recordes na presente temporada que funcionam como um raio-X de como definir 2023/24: apesar de ter ainda 11 partidas por realizar no Campeonato, o conjunto de Rúben Amorim já leva mais um golo marcado do que em toda a época de 2020/21, quando se sagrou campeão pela última vez, e também tem mais quatro golos consentidos do que nas 34 partidas da temporada.

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A marcar muito mas também a sofrer mais do que é habitual (e do que pede Rúben Amorim a todas as suas equipas desde que chegou a Alvalade), o Sporting somou a 12.ª vitória consecutiva em casa para a Primeira Liga. Ou seja, ganhou sempre. Com isso, os leões conseguiram um feito que alcançaram apenas seis vezes em todas as edições do Campeonato e tornaram-se a primeira equipa a fazê-lo desde o FC Porto de André Villas-Boas há mais de uma década. E foi sobretudo isso que o técnico mais valorizou no final do jogo.

“Houve alguma ineficácia da nossa equipa. Foram três ataques onde o Farense fez dois golos e estamos nessa fase. Primeiro um grande golo, depois uma bola parada. Fomos falhando golos, criando boas oportunidades. Na segunda parte controlámos mais sem bola. Poderia voltar a falar da nossa definição quando ganhávamos a bola rápida, nas oportunidades que tivemos e onde faltou o último passe ou o remate não saía tão bem, mas queria realçar o sacrifício de toda esta gente. Alguns não têm mais para dar… Uma vitória, quanto a mim, completamente justa”, destacou o técnico verde e branco na flash interview da SportTV.

“Golos sofridos? Um é um grande remate, o outro uma bola parada. Estamos a defender bem e a sofrer nas poucas oportunidades que consentimos. Precisávamos de trabalhar o último passe, como devemos fazer nas transições para abrir mais o adversário. Chegamos à cara do golo e depois parece que falta o último toque, que parece que é o mais fácil mas é o mais difícil. Mas mal temos tempo para recuperar…”, voltou a enfatizar Rúben Amorim, falando de novo da necessidade de ir mudando as opções iniciais da equipa.

“Alguns jogadores também saíram porque já não conseguiam mais. Ao intervalo falámos, fizemos essa gestão e alguns jogadores já deram tudo e vamos ter de voltar com a Atalanta que, segundo sei, rodou alguns jogadores para preparar a Europa. Nós temos a nossa grande prioridade, mas queremos jogar bem com a Atalanta. Temos de rodar alguns jogadores também”, completou o treinador, que referiu que não estará atento ao clássico para aproveitar e brincar com os filhos antes de preparar a próxima partida.

Já José Mota, lamentando a terceira derrota consecutiva, admitiu que o terceiro golo de Pedro Gonçalves pouco depois do 2-2 acabou por ter “um peso grande” no desfecho. “Também não conseguimos anular os movimentos do Esgaio. Aconteceu o golo do Sporting. Tivemos uma excelente reação após esse momento. Mesmo desgastados, obrigámos o Sporting a não fazer o jogo de pé para pé. Obrigámos o Sporting a recuar e vi o Sporting a jogar como uma equipa pequena, a tirar a bola da área. Metemos em sentido a defesa do Sporting. O 3-2 foi posto à prova muitas vezes. O Sporting defendeu com bravura, anulou algumas investidas que tivemos. Ficou uma imagem diferente da primeira e segunda parte”, comentou.