Este “Coletivo de tradutores literários”, como se autointitula, formou-se espontaneamente numa troca de mensagens a propósito dos seus direitos fiscais e contratuais, revelou à Lusa Guilherme Pires, tradutor, editor, revisor e fundador da Oficina Caixa Alta.

Nessa altura, perceberam que havia mais preocupações e desejos que tinham em comum, o decidiram que “chegara a hora de falar com voz própria”.

Através deste coletivo, querem dar a conhecer o seu trabalho, a sua importância e as condições em que o fazem, bem como reivindicar melhorias concretas em termos fiscais, remuneratórios e de reconhecimento.

“Acreditamos que todos os tradutores de livros são criadores e que devem ser vistos como tal. Defendemos, por exemplo, que urge esclarecer o enquadramento fiscal do tradutor literário, o qual a Autoridade Tributária vê de formas distintas, prejudicando-nos na aplicação da taxa de retenção na fonte e na cobrança de IVA”, afirmou.

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Guilherme Pires, que falou à Lusa depois de consultados e em nome dos membros do coletivo, considera “inaceitável que as tarifas de tradução literária se mantenham estagnadas há mais de vinte anos”, e que, em muitos casos, os nomes dos tradutores não sejam referidos nas capas dos livros, nos materiais de comunicação das editoras, nos ‘sites’ das livrarias e nas peças jornalísticas sobre os livros.

O coletivo pretende ainda que sejam discutidos os contratos de tradução, porque, em geral, “retiram vários direitos patrimoniais aos tradutores”.

Uma das iniciativas que têm previstas é a realização de um inquérito junto dos colegas tradutores literários sobre as suas condições de trabalho, contratuais e de remuneração, para terem “uma imagem mais abrangente e concreta sobre tais condições”.

“Estamos a ultimar um manifesto e a reunir um conjunto de propostas sobre estes assuntos, entre outros, para apresentar aos agentes editoriais”, adiantou.

Paralelamente, o coletivo de tradutores literários pretende organizar e estar presente em eventos e festivais literários, e “mostrar que, sem os tradutores, 60% dos livros que se vendem em Portugal não seriam sequer lidos”.

Para divulgar as suas ideias e atividades, o coletivo utiliza as páginas das redes sociais do Instagram, do Facebook e do LinkedIn, e criou um ‘site’ com o endereço www.colectivodetradutoresliterarios.com.