O futebol está parado a nível de clubes, algumas das modalidades têm também as suas Final Four das Taças de Portugal, a maioria dos Campeonatos foram jogados no sábado mas nem por isso o universo FC Porto, em plena campanha rumo às eleições de dia 27 de abril, tem um dia de “descanso”. Assim, este domingo, numa altura em que a sede oficial de campanha de André Villas-Boas estava aberta aos sócios e adeptos antes das deslocações do antigo treinador dos dragões esta tarde a Esposende e Vizela, Pinto da Costa passou a manhã na Afurada, naquele que que definiu como “um dos momentos mais emocionantes todos os anos”. “Sempre fiz questão de ser a primeira Casa a visitar depois de conquistarmos um titulo”, explicou o líder dos azuis e brancos, antes de uma sessão de perguntas e respostas onde elevou o tom das críticas ao adversário.

“Quando me pergunta porque motivo ao fim de tantos êxitos e 2.566 títulos decidi recandidatar-me, digo sempre, e é a primeira razão, que me candidato pelos sócios anónimos, pelos dragões anónimos que ao longo destes ano sempre me apoiaram e contribuíram para os nossos êxitos. Era mais fácil para mim terminar os meus mandatos, como me diziam com o canto da sereia, que ia ser o presidente dos presidentes, com mordomias de Presidente da República aposentado. Chegaram a dizer que colocariam o nome no estádio mas isso não me convenceu, porque quero que o FC Porto seja dos sócios”, começou por dizer, quase dando o mote para os vários alvos que foi tendo ao longo da manhã, a começar por… Joaquim Oliveira.

“Quando vi que a outra candidatura estava ligado um senhor que não é do FC Porto, a não ser quando lhe interessam os negócios, porque é do Sporting, onde tem um camarote, vi que isto seria um assalto por interesses materiais e negócios, sobretudo televisivos. E quando vi que o CEO da SAD ia ser um antigo funcionário da Olivedesportos e da NOS [José Pedro Pereira da Costa], percebi que o raciocínio estava perfeito. E então, para que a SAD nunca deixa de ser do FC Porto, decidi candidatar-me”, apontou, dizendo que, a partir do momento em que anunciou a recandidatura, deixou de ser “o presidente dos presidentes”.

“Deixei de ser o homem com uma obra invulgar, deixei de ser o homem que fez o estádio, que fez o pavilhão, que fez o museu, que fez o centro de treinos do Olival. Tudo nos meus mandatos. Passei a ser o presidente que só fez asneiras e só teve gente à sua volta a fazer asneiras. Mas isto é compreensível por aquilo que já referi pelos interesses que estão à volta da outra candidatura. Nós não vamos, nem eu, nem os que me acompanham, nem os meus apoiantes, não vamos seguir pelo caminho do insulto ou da insinuação falsa. Nós vamos seguir pela positiva. Nós vamos seguir pelo FC Porto. Não respondendo a ataques ou insultos, vamos ignorá-los, vamos pensar no FC Porto. A minha recandidatura não é para dividir, é para unir, como sempre tive, os sócios do FC Porto durante todos os anos”, salientou Pinto da Costa, citado pelo O Jogo.

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“Outros vieram para desunir com uma estratégia traçada de confusões, de problemas, de criar dificuldades a quem quer resolver, de facto, os problemas do FC Porto. Aquela famigerada Assembleia Geral, que correu mal, mas que quem não esteve lá pode pensar que aquilo foi pior que Gaza, como diz a TVI. É preciso não esquecer os antecedentes. Dias antes, em todos os sites e em todas as ligações ao candidato de Villas-Boas, ouvia-se um pedido: ‘Vão todos à Assembleia, filmem, filmem tudo.’ Mas filmem o quê? O que é que eles estavam à espera que aparecesse? Alguém já viu antes de uma Assembleia Geral, seja de que for e onde for, haver uma pessoa a pedir que vão lá e filmem tudo? Filmem tudo? Mas filmem tudo o quê? Era para me filmar a mim? Ah, sou mais do que conhecido”, atirou o presidente dos azuis e brancos, que voltou a falar da questão do centralismo, em mais um dos argumentos que foi agora repetido na Casa da Afurada.

“A Imprensa lisboeta não é por mim? Porquê? Não gostam das minhas olheiras ou acham que sou um obstáculo à hegemonia do clubes do sul? Pensem nisso e depois votem em quem entenderem que defenderá melhor os interesses de Lisboa contra o inimigo que aqui é comum, que é Lisboa. Toda a gente reconhece o centralismo. De norte a sul. De Monção a Tavira. E no desporto é isso que querem fazer, relegar o FC Porto para o clube simpático lá de cima. Queremos ser o centro das decisões, estar ao lado dos outros, sem mais nem menos, mas queremos ser respeitados. Se estiver sol, foi o Pinto da Costa que mandou para queimar as crianças. Se for chuva, Pinto da Costa mandou vir a chuva para molhar as criancinhas”, disse.

Pinto da Costa abordou também a equipa de futebol e a continuidade de Sérgio Conceição. “Acusam-nos de desinvestir e termos uma equipa de futebol fraca. Por acaso, neste momento temos três jogadores no Brasil, quatro em Portugal e um na Argentina e outro não foi aos Sub-21 de Espanha por estar lesionado. Se isto não é equipa altura, então que se prepare o Manchester City porque algum iluminado vai lá comprar jogadores. Temos uma equipa de futuro, em que contratámos quatro jovens. O Francisco tem 20 anos, o Otávio 21, o Varela 22, são jovens de futuro e já afirmados. Isso dá garantias de futuro. Acho graça quando ouço o outro candidato a dizer que a primeira coisa que vai fazer é sentar-se com Sérgio Conceição. Não sei se quer ou não. Agora, se quero um treinador que é peça fundamental do sucesso da equipa, vai esperar para depois se sentar com ele? Isso só é possível porque se o convidar hoje para se sentar com ele, tem de ficar de pé. Mas com Sérgio Conceição sento-me todos os dias e vamos sentar-nos durante muito mais tempo”, referiu.

Por fim, já depois de ter falado também da Academia da Maia que será apresentada oficialmente esta quarta-feira de manhã e que fez com que dissesse que no FC Porto “não há lugar para Vales e Azevedos” (“porque no FC Porto respeita -se a palavra e faz -se aquilo que tem que ser feito a toda a hora mas não se rasgam contratos sem saber sequer o que eles dizem, o que são e o que têm”, frisou), o líder portista fez também uma confissão sobre… Kevin de Bruyne. “Posso dizer-lhe que é uma verdade que estivemos interessados nele. Temos relatórios feitos por vários observadores, estávamos em negociações e eram números razoáveis. Depois, com a saída do treinador, esse assunto morreu e o jogador foi para o Chelsea. Para onde também foi o treinador. Qual era o treinador? Era aquele que a gente sabe”, contou, falando de uma hipotética transferência do internacional belga que deveria rondar os quatro milhões de euros.